Presidente da GM diz que era da Tesla pode estar no fim

Mark Reuss, presidente da General Motors (GM), conversou com o jornalista Jason Stein e disse estar confiante no sucesso da estratégia de sua empresa com relação aos veículos elétricos – e também falou que a Tesla corre o risco real de perder a hegemonia. Apesar de dizer que admira Elon Musk, Reuss crê que, em algum momento, a suposta maior fonte de renda da Tesla pode secar.

Trata-se dos créditos de carbono, uma espécie de moeda de troca de emissões que as empresas automotivas negociam entre si. Críticos da Tesla acusavam e acusam a empresa de ser um negócio baseado em créditos, não carros. O setor de carros registrava prejuízo e a empresa ficava no azul pela venda desses créditos.

Mark Reuss lidera as operações regionais da GM – incluindo América do Norte, América do Sul, China e General Motors International. As equipes de Desenvolvimento de Produto Global, Design Global, Qualidade Global e Excelência Operacional da GM também se reportam ao presidente.

Olhando para o valor do mercado de ações, sua montadora está em pouco menos de US$ 71 bilhões (algo um pouco acima dos R$ 364 bilhões, para termos uma ideia em nossa moeda). Enquanto isso, a Tesla opera em algo acima dos US$ 905 bilhões, mesmo enquanto enfrenta um momento de queda (estamos falando de valores acima dos R$ 4,6 trilhões em valores convertidos hoje, 18/02).

Um trabalho notável

Reuss aponta que Musk “fez um trabalho notável” e diz ter muito respeito pelo CEO e pela sua montadora Tesla. Porém, o presidente da GM faz observações relacionadas aos créditos regulatórios introduzidos nos Estados Unidos como um meio de apoiar as montadoras na mudança para a fabricação de carros elétricos (EVs).

A empresa de Musk constrói apenas carros totalmente elétricos, por isso desde sempre está no azul com esses créditos, ao contrário das montadores tradicionais, que ficam no vermelho por fazerem veículos poluentes.

Por se ver praticamente sozinha em tal ambiente, a Tesla praticamente monopolizava esse mercado. Entretanto, isso está mudando rapidamente agora, já que quase todos os fabricantes estão partindo, ainda que de forma aparentemente lenta, para a eletrificação.

“Não se esqueça. Será necessário competir com fabricantes de veículos antigos da indústria que estavam comprando créditos. Isso está mudando rapidamente, eu acho”.

Em outras palavras, as empresas tradicionais deverão “morder” boa parte do mercado em que a Tesla cravou sua era. Reuss diz que Musk terá que competir com um preço mais baixo, “com uma margem mais baixa, alto volume e veículos de alta escala se quiser ser uma montadora de serviço completo”.

As declarações do presidente da GM sobre as questões de eletrificação foram dadas em um contexto onde ele dizia ter muito respeito por startups que “apenas vão e fazem um carro”. Para ele, esse tipo de negócio não é fácil, já que é necessário ser teimoso para ter sucesso em um ambiente fortemente regulamentado. Ele não citou nomes, mas provavelmente falava da Rivian e da Lucid, marcas americanas novinhas em folha que entraram com tudo ano passado.

Conversa desatualizada?

O CEO da competidora soltou uma provocação que soa desatualizada. Os créditos de carbono costumavam ser a fonte mais importante de renda para a Tesla quando a empresa começou. E, até 2019, seu setor de automóveis registrava prejuízo líquido (então foi de US$ 862 mi).

Ainda é comum de haver notícias de que o setor de veículos da Tesla está no prejuízo e só os créditos de carbono mantém a Tesla no azul. Mas os balanços recentes divulgados pela empresa parecem dizer outra coisa.

O prejuízo era resultado da febril expansão da empresa, com duas novas gigafábricas abrindo na Alemanha e no Texas. Mas em 2021 houve lucro recorde, de US$ 5,5 bi. A renda obtida pela empresa em créditos de carbono foi de US$ 1,4 bi. Mas a renda bruta pela venda de carros foi de US$ 47 bi.

No último trimestre, a crescente irrelevância dos créditos é ainda mais acentuada: a tesla obteve U$ 314 milhões em créditos, mas obteve US$ 15,9 bilhões em vendas, num lucro total de US$ 2,3 bi.

A Tesla, assim, parece caminhar para ser a Coca Cola dos elétricos, a marca mais tradicional da nova era, e não ser ultrapassada pelos grandes nomes do passado.

As informações são do Olhar Digital.

Sair da versão mobile