Um avião da Virgin Atlantic movido a óleo de cozinha usado, gorduras animais e outros combustíveis sustentáveis decolou nesta terça-feira do aeroporto de Heathrow, em Londres e aterrissou cerca de oito horas depois no aeroporto J.F. Kennedy em Nova York. Esta é a primeira vez que uma companhia aérea comercial opera um voo de longa distância totalmente movido por combustíveis de aviação sustentáveis (SAF), que emitem menos carbono em seu ciclo de vida do que o combustível de aviação tradicional.
O voo decolou às 08h49 (horário do Brasil) com Branson, o executivo-chefe da Virgin Atlantic, Shai Weiss, e o ministro dos transportes da Grã-Bretanha, Mark Harper, a bordo do Boeing 787 Dreamliner, que não transporta passageiros pagantes. Ele aterrissou em Nova York, às 16h05, 35 minutos antes do horário previsto, onde foi recebido pela vice-secretária de transportes dos EUA, Polly Trottenberg, entre outros.
Anteriormente, os órgãos reguladores só permitiam que fossem utilizados até 50% de combustível ecológico para alimentar os motores das aeronaves. Para este voo, um Boeing 787 foi abastecido com 50 toneladas de SAF.
O voo foi saudado pelo setor de aviação como um marco em seu esforço para descarbonizar. Atualmente, a SAF representa menos de 0,1% do volume global de combustível de aviação.
De acordo com o jornal britânico Financial Times, embora o tubo de escape do avião ainda tenha liberado a mesma quantidade de CO₂ que o combustível de aviação normal, esperava-se que as emissões líquidas do voo operado com produtos residuais fossem cerca de 70% menores do que uma viagem normal sobre o Atlântico usando combustível fóssil extraído do solo.
“Estava pensando nas minhas histórias de primeira vez sobre o Atlântico, e em todas as anteriores, fosse em balão ou barco, eu acabava sendo retirado do mar. Então estou muito satisfeito por esta ser a primeira vez… que aterrisso em um aeroporto”, disse Branson durante a viagem.
Branson afirmou ainda que, embora se considerasse impossível que um avião pudesse voar com combustíveis sustentáveis para atravessar o Atlântico, “hoje esperamos provar que isso está errado”. Ele admitiu, no entanto, que ainda há muito trabalho a ser feito.
O setor de aviação vem apostando no uso de novos combustíveis para cumprir seu compromisso de atingir zero emissões líquidas até 2050, ao mesmo tempo que busca crescer nas próximas décadas.
No entanto, aponta o jornal britânico, ambientalistas e alguns cientistas questionaram se esses combustíveis alternativos são realmente sustentáveis, argumentando que voar menos é a única maneira de reduzir genuinamente as emissões de CO2.
Viagens aéreas respondem por 5% das emissões
As viagens aéreas são responsáveis por cerca de 5% das emissões mundiais de gases de efeito estufa, e o setor de aviação enfrenta uma jornada difícil para se livrar dos combustíveis fósseis que alimentam os motores a jato.
Em entrevista à BBC, Shai Weiss, presidente-executivo da Virgin Atlantic, disse que o voo da companhia aérea estava “provando… que o combustível derivado de fósseis pode ser substituído por combustível de aviação sustentável”:
– É realmente o único caminho para descarbonizar a aviação de longo curso, além de ter a frota mais jovem no céu. É uma conquista realmente importante.
No entanto, Weiss admitiu que atualmente não há SAF suficiente e, que devido ao combustível ser mais caro, os preços dos voos acabariam por ser mais elevados.