O empresário Jeffrey Epstein, acusado de se envolver sexualmente com menores de idade, mandou um e-mail para sua cúmplice, a britânica Ghislaine Maxwell, dizendo que ela poderia oferecer uma recompensa a qualquer amigo, conhecido ou familiar de Virginia Giuffre que pudesse ajudar a refutar as alegações de que Stephen Hawking teria participado de uma orgia com menores. A mensagem de 2015 faz parte de uma série de documentos relacionados ao magnata americano acusado de crimes sexuais.
No e-mail, o bilionário menciona duas acusações específicas: a “mais forte” seria relacionada a um jantar com Bill Clinton e a outra é sobre um evento nas Ilhas Virgens, no qual Hawking teria participado de uma orgia com menores.
O professor de Cambridge foi fotografado em um churrasco na ilha caribenha privada de Epstein, Little St James, em 2006, onde participou de uma conferência financiada pelo bilionário. O físico britânico faleceu em 2018, aos 76 anos de idade.
Os documentos de Epstein
Os ex-presidentes dos Estados Unidos Bill Clinton e Donald Trump e o integrante da família real britânica, príncipe Andrew, foram citados em uma série de documentos relacionados ao magnata americano acusado de crimes sexuais, tornados públicos nesta quarta-feira. Embora especialistas apontem que nenhuma nova evidência tenha surgido com a divulgação das páginas, até então sob segredo de justiça, os depoimentos de supostas vítimas que acusam Epstein parecem demonstrar a relação próxima que ele mantinha com algumas figuras proeminentes da vida política mundial.
Os 45 documentos judiciais tornados públicos na quarta-feira foram originalmente apresentados como parte de um processo por difamação movido em 2015 por Virginia Giuffre, vítima de Epstein, contra Ghislaine Maxwell, uma associada de longa data de Epstein que em 2021 foi condenada por conspirar com ele na sua operação de tráfico sexual. Maxwell está cumprindo pena de 20 anos de prisão.
Os documentos haviam sido lacrados ou redigidos para ocultar os nomes de mais de 100 vítimas, associados ou amigos de Epstein, todos com a designação “J. Doe” e um número de identificação exclusivo. Mas a juíza que supervisiona o caso, Loretta A. Preska, que no mês passado ordenou que os materiais fossem abertos ao público, observou que a maioria dos nomes já havia sido divulgada publicamente em outros processos ou em reportagens. Ela manteve sob sigilo alguns nomes, citando vítimas que na época eram menores de idade.
Entre os documentos abertos na quarta-feira estava um depoimento de maio de 2016 de Johanna Sjoberg, uma das supostas vítimas de Epstein, que disse ter tido contato com o magnata entre 2001 e 2006. Ela foi questionada se Epstein alguma vez conversou com ela sobre Bill Clinton naquela época.
“Ele disse uma vez que Clinton gosta delas jovens, referindo-se às meninas”, testemunhou Sjoberg.
Clinton emitiu uma declaração em 2019 dizendo que nada sabia sobre os “crimes terríveis” de Epstein. Um porta-voz do ex-presidente fez uma declaração na noite de quarta-feira, afirmando que Clinton nunca foi acusada de qualquer delito relacionado a Epstein e não se opôs à divulgação dos documentos que o mencionam.
Sjoberg também fez referência a uma suposta relação de Epstein com o ex-presidente Donald Trump. Ela afirmou à justiça que, enquanto voavam com o magnata em um de seus aviões, eles fizeram uma parada não planejada em Atlantic City, Nova Jersey.
“Jeffrey disse: ‘Ótimo, vamos ligar para Trump’”, testemunhou Sjoberg, acrescentando que Epstein sugeriu que visitassem o cassino do republicano.
Trump disse que teve um “desentendimento” com Epstein anos atrás e “não era um fã” do magnata.
Quanto ao príncipe Andrew, Sjoberg testemunhou que quando ela foi apresentada a ele, ele “colocou a mão” no seu peito. Em 2022, Giuffre (a autora do processo) e o príncipe Andrew chegaram a um acordo em um processo separado, no qual ela alegou que ele a abusou sexualmente quando ela tinha 17 anos.
Com informações do Jornal O GLOBO.