Vítima de arrastão fala sobre momentos de tensão na Cracolândia de SP

ARRASTÃO NA CRACOLANDIA DE SP

Suspeitos atacaram carros no Centro de SP — Foto: Reprodução

Um motorista que foi vítima do arrastão que ocorreu na região da Cracolândia, no Centro de São Paulo, na tarde desta terça-feira (8), relatou como a ação ocorreu. Ele disse que o grupo queria, principalmente, aparelhos celulares e dinheiro, mas levaram também garrafas de água e outros itens de menor valor.

“O item que eles mais pediam era o celular. Me pediram o celular umas quatro, cinco vezes. Mas o celular foi o primeiro item que levaram. (…) Então eles começaram a recolher o que eles viam. Pegaram até uma bolsa térmica que só tinha águas e bebidas para o meu próprio consumo. Eles estavam desnorteados, pegando qualquer coisa que pudesse gerar algum valor”, recorda.

O homem conta que não tinha nada visível no carro, e inicialmente não achou que seria atacado. Mas foi surpreendido com uma pancada na lateral do veículo, que quebrou o primeiro vidro.

“Foi quando quebrou o primeiro vidro e esse vidro cortou superficialmente meu braço do lado esquerdo”.

O motorista conta que tentou manter a calma e garantir que os assaltantes não se sentissem ainda mais ameaçados.

“Eu levantei as mãos para eles terem certeza de que eu não esboçaria nenhuma reação ou que eu dirigiria o carro para cima deles”.

Ele ainda explica que não tentou avançar com o carro para escapar dos assaltantes, pois temeu ferir algum deles.

“Eu tinha algumas pessoas penduradas no meu carro. Se eu ando ali, provavelmente eu machucaria no mínimo três [pessoas] e eu não sei se conseguiria conviver com isso. O prejuízo já tinha acontecido, eu preferi ficar com o prejuízo que eu enxerguei do que sair andando, passar por cima de alguém e não saber o que aconteceu. Esse peso na consciência eu não quis assumir.”
O arrastão
Vídeos gravados por moradores da Alameda Nothmann e na Rua Helvétia, no Centro de São Paulo, mostram um grupo realizando um arrastão a vários carros na Cracolândia na tarde desta terça-feira (8).

O local concentra diversos usuários de drogas, e a Polícia Militar foi chamada.

As imagens mostram o grupo quebrando os vidros de carros e saqueando motoristas que circulavam nas esquinas da Alameda Nothmann com as ruas Conselheiro Nébias e Guaianazes, além da Rua Helvétia.

Ao menos seis veículos foram atacados, segundo as imagens. Motoristas chegaram a subir na calçada com os carros para fugir dos criminosos durante a ação.

O tráfego estava congestionado no trecho no momento do arrastão.

De acordo com a Polícia Militar, o tumulto foi iniciado por usuários de drogas na região da Nova Luz, após a ação de limpeza realizada por agentes da subprefeitura local e acompanhado pela Guarda Civil Metropolitana (GCM).

A PM diz que foi chamada para conter os ataques por volta das 15h30 e acionou o plano de contingência para a área.

“Imediatamente foi acionado o plano de contingência e tropas da Força Tática, Baep, Cavalaria e do patrulhamento de área reforçaram o policiamento no local. Após a chegada da PM, a situação foi controlada e a ordem foi restabelecida”, disse a nota da corporação nesta terça (8).

Segundo relatos dos moradores da área, as forças de segurança teriam usado bombas durante ação na Cracolândia.

A PM não confirmou o uso de bombas para conter os ataques, mas informou que o policiamento segue reforçado na região. Ninguém foi preso.

GCM
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU), que controla a GCM, disse que a concentração de dependentes químicos da região foi deslocada da Rua Dino Bueno para a Alameda Cleveland, “por causa do aumento do tráfego de caminhões para retirar material de demolição no local”, durante a operação de limpeza.

A secretaria também disse que os homens da GCM foram “agredidos com pedras, paus e outros objetos” e “a reação teve de ser contida para preservar a segurança de todos na região”.

Segundo a SMSU, a GCM faz “três intervenções diárias de acompanhando de zeladoria na região da Luz para proteger agentes públicos da prefeitura e garantir os serviços de coleta de lixo e limpeza das ruas”.

As informações são do G1.

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