Com o dólar próximo de 5 reais, o brasileiro tende a celebrar. E muito. Os memes com temática cambial voltaram, principalmente envolvendo viagens à Disney.
Em meio à euforia, vale recapitular os fatores que vêm causando a queda do dólar no Brasil.
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Expectativa de Juro Menor nos EUA
A SELIC está a 13,75% no Brasil e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 4,65%, levando o juro real – igual ao juro nominal menos inflação – a um patamar elevado comparado a outros países.
Nos Estados Unidos, a taxa de juros está em 4,75%, a mais alta desde 2007 por conta do combate à inflação. A expectativa, contudo, é de que a taxa americana pare de subir, tornando a renda fixa brasileira atraente.
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Maior Apetite Para Ativos de Risco
Mercados emergentes, como o Brasil, são considerados investimentos arriscados em comparação ao mundo desenvolvido. Justamente por isso, a taxa de juros brasileira costuma ser mais alta do que em países desenvolvidos.
Durante o supercíclo das commodities, que durou até a década passada, as moedas do Brasil, Chile e de outros países emergentes foram beneficiadas. O Chile é grande produtor de cobre e o Brasil, de minério de ferro.
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Contas Externas Brasileiras
As contas externas reúnem todo o fluxo de serviços, bens e capital entre um país e o resto do mundo, e influenciam a cotação de uma moeda.
A balança comercial traz a diferença entre as importações e exportações de um país. Quando há superávit comercial, ou seja, quando as exportações são maiores que as importações, há maior entrada de moeda estrangeira do que saída. No caso contrário, o déficit comercial indica maior saída de divisas internacionais. Esse déficit pode levar a uma desvalorização cambial.
Outro impacto proveniente das contas externas vem do balanço de pagamentos. Além dos bens e serviços, ele abrange a renda de investimentos no exterior e investimentos estrangeiros nos ativos locais, dentre outros itens. Déficit significa menor demanda pela moeda do país, o que tende a enfraquecê-la. O nível de reservas internacionais também afeta a cotação da moeda.
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Crescimento da China
A esperada retomada da expansão econômica chinesa é um sinal favorável ao Brasil. As principais commodities exportadas pelo Brasil, como minério de ferro e soja, tendem a encarecer internacionalmente. O minério de ferro é usado para produzir aço e a soja atua como ração animal.
Claramente, a apreciação ou depreciação do real depende muito de fatores externos. Uma inflação mais fraca nos Estados Unidos é capaz de fortalecer a moeda brasileira, simplesmente porque a provável ação do Federal Reserve – o Banco Central americano – seria reduzir os juros. Esse movimento estimula os investidores e procurar rendimento maior em outros países.
Por outro lado, uma alta generalizada de preços obriga o Fed a elevar os juros, atraindo investimento para o dólar. E o real sofre.
Para prever o movimento futuro do dólar no Brasil, vale ficar atento às divulgações de dados econômicos nos Estados Unidos, principalmente sobre inflação.