Teste usa técnica CRISPR e câmera de celular para detectar Covid-19

Teste celular covid

Celular acomplado em equipamento consegue detectar o coronavírus Sars-CoV-2 em um bastão com secreção nasal (Foto: Daniel Fletcher e Melanie Ott)

Pesquisadores anunciaram nesta sexta-feira (4), na revista científica Cell, uma invenção que pode melhorar as técnicas de diagnóstico do novo coronavírus e, quem sabe, de outros microrganismos infecciosos. O instrumento detecta o Sars-CoV-2, coletado por meio do bastão nasal, utilizando uma câmera acoplada em um celular comum.

Segundo Daniel Fletcher, bioengenheiro da Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA) e coautor sênior do artigo, pode ser possível replicar a invenção em larga escala. “Não precisamos de equipamentos refinados de laboratório”, ressaltou, em comunicado à imprensa. Fletcher trabalhou ao lado da virologista Melanie Ott, do Instituto Gladstone, nos Estados Unidos, e com Jennifer Doudna, uma das vencedoras do Nobel de Química de 2020 pela invenção da técnica CRISPR-Cas de edição genética.

Além da câmera, o teste faz uso da tecnologia desenvolvida por Doudna para rastrear o vírus causador da Covid-19. Isso acontece especificamente pela detecção do RNA viral na enzima Cas13, de modo que não é necessário fazer a transcrição do RNA em DNA, tampouco o processo de amplificação do teste PCR, atual padrão-ouro no diagnóstico da doença.

Quando a Cas13 se liga ao RNA do vírus, ela cliva (fragmenta) toda a sequência genética ao seu redor. Os pesquisadores desenvolveram uma sonda que, ao perceber essa reação, produz uma fluorescência detectada pela câmera, presa a um celular disposto logo acima do procedimento. De acordo com Ott, a câmera é dez vezes melhor do que o leitor usado em laboratório. O resultado sai em apenas 30 minutos.

Mas o procedimento ainda precisa ser aprimorado. Os autores estudam, por exemplo, como induzir a reação sem que o material do vírus precise ser purificado após a coleta pelo nariz. “O PCR é o padrão-ouro, mas são necessários tantos passos”, destaca Ott. Segundo ela, há muitas oportunidades de tornar a quantificação do RNA viral mais precisa e simplificada.

A expectativa da equipe é conseguir que a tecnologia seja usada em farmácias e clínicas. A versão final, contudo, provavelmente não vai usar um celular. A ideia é aplicar uma câmera de sozinha diretamente no dispositivo.

As informações são da Galileu.

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