Nova classe de planetas com oceanos quentes pode sustentar vida fora da Terra

Na busca por planetas potencialmente habitáveis fora de nosso Sistema Solar, os astrônomos procuraram exoplanetas semelhantes à Terra. Agora, os cientistas têm uma nova classe de exoplanetas habitáveis para procurar: os planetas Hycean.

O nome descreve planetas quentes cobertos por oceanos que possuem uma atmosfera rica em hidrogênio – e são muito mais fáceis de encontrar e observar do que possíveis gêmeos de nossa própria Terra. Aprender mais sobre os planetas Hycean pode ajudar os cientistas a encontrar bioassinaturas, ou sinais de vida, fora de nosso sistema solar em um futuro próximo. O estudo foi publicado na quarta-feira (25) no “The Astrophysical Journal”.

“Os planetas Hycean abrem um caminho totalmente novo em nossa busca por vida em outro lugar”, disse o principal autor do estudo, Nikku Madhusudhan, especialista em astrofísica e ciência exoplanetária do Instituto de Astronomia da Universidade de Cambridge, em um comunicado.

Existem mais de 4.000 exoplanetas conhecidos fora de nosso sistema solar. Eles são considerados potencialmente habitáveis quando estão localizados na zona habitável em torno das estrelas que orbitam. Nessa zona, o planeta está à distância certa da estrela para que a água líquida tenha uma presença estável – e possivelmente suporte a vida como a conhecemos.
Mundos oceânicos

Alguns dos planetas Hycean são maiores e mais quentes do que nosso planeta. Mas os pesquisadores acreditam que esses planetas têm grandes oceanos que poderiam suportar o tipo de vida que começou na Terra primitiva e ainda podem ser encontrados em ambientes oceânicos extremos.

Uma das características mais atraentes desses planetas é o fato de que eles têm uma zona habitável maior do que a Terra ou planetas semelhantes à Terra – então eles ainda poderiam suportar vida, embora existam fora da zona onde nosso planeta deve estar a fim de manter a habitabilidade.

Dos milhares de exoplanetas descobertos nos últimos 30 anos, muitos têm entre o tamanho da Terra e o de Netuno. Os cientistas usam nomes como “Superterras” e “Mininetunos” para descrever esses planetas, que podem ser rochosos como a Terra ou gigantes de gelo como Netuno. Ou eles ficam numa situação intermediária.

Os Mininetunos têm 1,5 vezes o tamanho do nosso planeta, então eles ainda são menores do que Netuno, mas muito grandes para ter um interior rochoso como a Terra. Abaixo de suas atmosferas, que são ricas em hidrogênio, a pressão e a temperatura são provavelmente grandes demais para a vida suportar.

Uma pesquisa recente feita por Madhusudhan e seus colegas, no entanto, determinou que esta natureza inóspita nem sempre é o caso. Dependendo das condições (incluindo tamanho, massa e temperatura) alguns desses planetas podem ser habitáveis.

Planetas promissores

O estudo levou à nova classificação dos planetas Hycean. Eles podem atingir até 2,6 vezes o tamanho da Terra e temperaturas atmosféricas de quase 200 graus Celsius. Debaixo da atmosfera rica em hidrogênio estão oceanos que abrangem todo o planeta – e ali poderia haver vida microbiana.

Alguns desses planetas podem estar bloqueados por maré, o que significa que têm permanentemente um lado que recebe a luz do dia da estrela que orbitam e o outro lado ficam perpetuamente no escuro. Nesse caso, os planetas Hycean bloqueados por maré podem ser habitáveis apenas em um dos lados.

Planetas Hycean são comuns entre os exoplanetas conhecidos, mas não foram estudados tanto quanto as Superterras. Talvez a resposta para onde existe vida fora de nosso Sistema Solar esteja dentro deste intervalo já conhecido.

Entender se um planeta dentro da zona habitável tem os ingredientes certos para a vida significa pesquisar bioassinaturas como oxigênio, metano, óxido nitroso e ozônio, ou biomarcadores incluindo cloreto de metila e sulfeto de dimetila – características encontradas na Terra.

“Quando procuramos por essas várias assinaturas moleculares, nos concentramos em planetas semelhantes à Terra, que é um lugar razoável para começar”, disse Madhusudhan. “Mas achamos que os planetas Hycean oferecem uma chance melhor de encontrar vários traços de bioassinaturas.”

Futuros telescópios, como o Telescópio Espacial James Webb, a ser lançado em outubro, serão capazes de perscrutar a atmosfera dos exoplanetas e ajudar os cientistas a aprender mais sobre sua composição. Os planetas Hycean podem ser um alvo promissor para observação. Um desses candidatos, chamado K2-18b, poderia revelar moléculas de bioassinatura.

“É emocionante que possam existir condições habitáveis em planetas tão diferentes da Terra”, disse o co-autor do estudo, Anjali Piette, estudante de doutorado no Instituto de Astronomia de Cambridge, em um comunicado.

Existem planetas promissores, tanto dentro como fora do nosso sistema solar. Contudo, bioassinaturas ainda não foram detectadas em um mundo fora da Terra.

“Uma detecção de bioassinatura transformaria nossa compreensão da vida no universo”, disse Madhusudhan. “Precisamos ser abertos sobre onde esperamos encontrar vida e que forma essa vida pode assumir, já que a natureza continua a nos surpreender de maneiras muitas vezes inimagináveis”.

As informações são da CNN.

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