Fórmula E: o futuro para as corridas de carros elétricos

Cheiro de combustível e barulho altíssimo do motor. Essas são as características mais ressaltadas pelos amantes do automobilismo. O silêncio das competições de carros elétricos ainda é um bloqueio para atrair novos fãs. Será que essas corridas têm futuro?

A Fórmula E, que nada mais é do que a Fórmula 1 de carros elétricos, teve sua primeira temporada em 2014. E, desde então, o crescimento foi notável, tanto pelo lado financeiro e de audiência global, quanto na evolução dos carros.

Na noite de 3 de março de 2011, o presidente da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), Jean Todt, e o empresário espanhol, e futuro presidente da Fórmula E, Alejandro Agag, se encontraram em um restaurante em Paris, na França, para conversar sobre uma possível categoria automobilística de carros totalmente elétricos.

A FIA não apostou muito na categoria, mas, após as seis primeiras temporadas — 2014 a 2019 —, finalmente a Fórmula, enfim, conseguiu o status de Campeonato Mundial da FIA, alcançando o mesmo patamar, por exemplo, de competições como a Fórmula 1.

E por que a FIA decidiu incorporar a Fórmula E? A resposta é simples: pelo alcance global que a categoria estava alcançando. Na temporada de 2019, a última antes de ser incorporada à FIA, a audiência da categoria elétrica foi de mais de 400 milhões de telespectadores pelo mundo.

Na última temporada, 2020/21, a transmissão foi feita para nada menos do que mais de 150 países. Fabricantes como Audi, BMW, Mercedes, Porsche, Nissan e Jaguar têm equipes na categoria.

“As competições de carros elétricos servem para criar uma proximidade entre as pessoas e esse mundo ainda desconhecido para muitos. Qualquer competição acompanha a evolução da indústria, então o crescimento das categorias de carros elétricos será natural, já que a eletrificação não é mais tendência, e sim uma realidade”, explica Renato Giacomini, chefe do departamento de engenharia elétrica da FEI.

Jean Todt, presidente da FIA, incorporou a Fórmula E em 2019 na federação (Foto: FIA) — Foto: Auto Esporte

Para Giacomini, a chegada das categorias elétricas não vão extinguir as corridas de carros à combustão, seja pela tradição ou por questões mercadológicas.

As competições, como a Fórmula E, servem de laboratório para as montadoras. Um exemplo de evolução é que desde o final de 2018 as equipes não precisam mais trocar de carro durante uma corrida. Isso acontecia porque a autonomia das baterias era reduzida.

Atualmente os carros estão com 250kw de potência e não mais 150kw. Esse acréscimo possibilita que a velocidade máxima seja de até 280 km/h.

“Fazer algo mais rápido com o dobro da eficiência era um grande desafio. É espetacular vermos isso na pista, pois não ter mais a troca dos carros nos 45 minutos de prova é um grande avanço para a categoria e para o mercado como um todo”, afirmou o diretor técnico da FIA, Gilles Simon.

“Em questões de engenharia e desenvolvimento, as competições são verdadeiros laboratórios. As pessoas ainda não conhecem muito os carros elétricos e as categorias automobilísticas são muito boas para isso, porque traz mais proximidade para as pessoas, ai acabam se interessando mais e gerando mais curiosidade”, explica o engenheiro automotivo especialista em carros elétricos, Frederico Marion Madeira

Na atual temporada, a Fórmula E tem 10 etapas, enquanto a Fórmula 1 tem 23 corridas no calendário.

Como dito pelos especialistas, o papel das competições são fundamentais para a evolução da indústria e dos carros comercializados. A Fórmula E virou um símbolo do automobilismo de carros elétricos, mas outras categorias também estão surgindo, como a Extreme-E, uma corrida de SUVs elétricos em terrenos off-road.

A categoria, que terá sua primeira temporada em 2021, também é sancionada pela FIA e percorrerá partes remotas do mundo, como a Floresta Amazônica e o Ártico. Todos os locais são escolhidos para aumentar a conscientização sobre mudanças climáticas.

Serão 5 etapas no ano: Arábia Saudita, Senegal, Groelândia, Brasil e Argentina. A primeira corrida será no próximo domingo (4), no deserto do Saara.

Uma das equipes foi fundada pelo heptacampeão mundial de Fórmula 1, Lewis Hamilton, a X44. Porém, por conta das etapas da Fórmula 1, ele não conseguirá correr nenhuma etapa.

Nos primeiros anos da Fórmula E, os pilotos tinham que trocar os carros no meio da prova por causa da bateria — Foto: Auto Esporte

“Devido às minhas ambições e compromissos com a Mercedes na Fórmula 1, não estarei envolvido operacionalmente na X44, mas estou animado para desempenhar um papel diferente nesta nova categoria, que contribui com minha visão para viver em um mundo mais sustentável e igualitário”, diz o piloto.

No ano passado, foram vendidos 3,2 milhões de carros elétricos, 43% a mais que em 2019. A tendência é que ano após ano, esse número bata recordes. Para os especialistas, as categorias automobilísticas como a Fórmula E tem um papel muito importante nisso.

Gostando de corridas de carros elétricos ou não, uma coisa é fato: é bom se acostumar com a essa competição silenciosa, pois este é em um caminho sem volta para a indústria.

As informações são da AutoEsporte.

Sair da versão mobile