Edição de genes pode permitir bebês com mais de dois pais, defende especialista

A escritora Amy Webb deu uma longa entrevista para o jornal estadunidense The Washington Post em que fez uma série de apostas sobre quais serão os próximos grandes avanços da ciência. Uma das principais apostas de Webb é a rápida evolução das tecnologias de edição de genes.

De acordo com a escritora, as mudanças que serão trazidas pela edição de genes devem mudar a maneira como bebês são gerados em processos que envolvem inseminação artificial. Uma dessas mudanças envolve, inclusive, o número de pais que um bebê pode ter, que poderá ser mais de dois.

“Estamos falando de uma tecnologia que desbloqueia nossa capacidade de sermos mais seletivos e projetar a vida intencionalmente”, disse Webb. “Talvez isso signifique uma pessoa usando seu próprio material genético para dar vida a um embrião; talvez desbloqueie oportunidades para selecionar traços de mais de dois pais”.
Muita fé na CRISPR

A aposta de Webb está presente em seu mais novo livro, “The Genesis Machine” (“A Máquina de Gênesis”, em tradução livre), que foi escrito em parceria com o geneticista Andrew Hessel. Para os dois, a chave para essas tecnologias pode estar na tecnologia de edição de genes CRISPR.

Para os especialistas, esta técnica deve evoluir bastante já nos próximos anos e abrir uma série de possibilidades e opcionalidades. Com isso, em um médio prazo, essas opções devem estar disponíveis para pais que decidirem ter filhos e possam pagar por isso.

Temor da eugenia

Contudo, a edição de genes não é algo trivial e gera uma série de preocupações, como o uso dessa tecnologia por governos autoritários para promover o extermínio de minorias. Existe também o temor de que esse tipo de tecnologia possa levar, em último estágio, à eugenia.

Porém, Webb não apresenta temor sobre que isso possa acontecer. “Precisamos reconhecer as vantagens geopolíticas que alguns países podem tentar ao elevar a inteligência e as características físicas de sua população”, disse a escritora ao The Washington Post.

Escritora se mostra confiante

Contudo, Webb acredita que isso não deve fazer com que a tecnologia de edição de genes seja “rejeitada por atacado”. “O pensamento de tornar a gravidez mais fácil para pessoas que realmente querem se tornar pais é algo que devemos abraçar”, disse ela.

A escritora defende que ter um filho hoje depende do acaso ou de dinheiro o suficiente para fazer uma série de tentativas de fertilização in vitro. “É chocantemente difícil no ano de 2022 fazer um bebê. Não deveria ser assim, completa Amy Webb.

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