Entre os muitos impactos da pandemia há um inusitado: o aumento da procura por procedimentos no nariz. Na era de selfies e das infinitas reuniões pelo Zoom, as pessoas passaram a se “ver” mais e se incomodar com as imperfeições. Além disso, o home office, o isolamento social e o uso de máscaras possibilitaram realizar essas alterações estéticas discretamente. Outra vantagem é que nos últimos anos surgiram técnicas que possibilitam alterar a aparência do nariz sem ter que recorrer ao bisturi.
— Há um aumento crescente na procura por procedimentos não cirúrgicos para modificar a aparência a região do nariz. Os principais são a aplicação de ácido hialurônico e a colocação de fios de PDO — diz o dermatologista Fabiano Leal, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia do Rio de Janeiro (SBDRJ).
A aplicação de ácido hialurônico na região é chamada de rinomodelação. As regiões mais frequentes para aplicação são o dorso do nariz, a ponta e as laterais. A técnica é indicada para quem tem assimetrias e imperfeições leves no perfil, como aquele ossinho “saltado” que incomoda e a ponta do nariz caída. O efeito é de um nariz mais empinado e sem ondulações.
A utilização de preenchedores para alterar o formato do nariz se popularizou com o surgimento do ácido hialurônico. Em seus primórdios, as injeções modeladoras eram realizadas com o poli metil metacrilato (PMMA), substância definitiva que pode causar muitos problemas.
Enquanto o ácido hialurônico é pouco alergênico e reabsorvível pelo organismo. Segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps), o preenchimento com ácido hialurônico está em segundo lugar no ranking de procedimentos não cirúrgicos no Brasil, atrás apenas do botox.
Outra opção minimamente invasiva é o lifting de nariz, que confere um resultado de nariz empinado por meio da colocação de fios de PDO (polidioxanona). Antigamente, eram utilizados fios permanentes, mas, segundo Leal, isso não acontece mais.
O PDO é uma fibra sintética biocompatível e absorvível pelo organismo. Tanto a rinomodelação quanto lifting são realizados em consultório, em cerca de uma hora. É possível retomar as atividades em seguida. A duração do efeito varia de 12 a 18 meses. Após esse período, é preciso voltar ao consultório para retocar.
Apesar de reversíveis e temporários, esses procedimentos não são isentos de riscos. O maior risco após a injeção de ácido hialurônico é a obstrução da circulação, que pode levar à necrose. No lifting, há possibilidade de rejeição ao fio.
Por isso, o ideal, é que sejam feitos por um profissional bem capacitado, de preferência um médico cirurgião plástico ou dermatologista, que conheça a anatomia da região e também saiba lidar com possíveis complicações.
— As complicações estão aumentando muito em número e isso é preocupante. Vemos desde pacientes com danos cicatriciais até pessoas que perderam o nariz e tiveram que colocar prótese. Complicações podem acontecer com todo paciente e profissional, mas o médico, em especial dermatologista ou cirurgião plástico, é o profissional mais habilitado para realizar o procedimento com menor risco de problema quanto para reverter possíveis complicações — ressalta Leal.
Em muitos casos, esses procedimentos minimamente invasivos funcionam como uma ‘ponte’ para a cirurgia definitiva. Isso ocorre tanto devido ao seu efeito temporário quanto por ser limitado. Por exemplo, quem deseja reduzir o tamanho do nariz, seja da base ou do próprio ossinho, ainda precisa recorrer à faca. Há também quem prefira um resultado definitivo, sem a necessidade de retoques periódicos.
—É muito comum atendermos pacientes que buscam a cirurgia porque fizeram a rinomodelação antes, mas não tiveram o resultado esperado ou porque querem uma solução definitiva — diz o cirurgião plástico Paolo Rubez, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS).
Isso também não parece ser um problema para os brasileiros. Enquanto no Reino Unido, o número de rinoplastias, nome dado à intervenção cirúrgica no nariz, despencou de 4.878 em 2013 para 1.330 em 2021, no Brasil, a procura só aumenta.
Dados da última pesquisa da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica (Isaps) mostram que o Brasil é o segundo país que mais faz procedimentos estéticos, atrás apenas dos Estados Unidos. de acordo com a Academia Brasileira de Cirurgia Plástica da Face (ABCPF), a rinoplastia foi o procedimento cirúrgico facial mais executado em 2020, o levantamento mais recente.
Segundo Rubez, 80% dos pacientes que buscam pela operação são mulheres, mas a procura tem aumentado entre homens. Segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, a rinoplastia é a operação mais realizada em pessoas de até 18 anos. No Brasil, a faixa etária dos pacientes varia entre 17 e 40 anos.
Entre as mulheres, o pedido mais comum é por um nariz mais fino e delicado. Já os homens querem um nariz simétrico, mas sutil e natural, que não fique arrebitado nem deixe evidências da cirurgia. Em qualquer situação, não há dúvida que os pacientes querem alterar o nariz, mas com um resultado natural e não um visual estigmatizado, que deixa nítida a realização da operação, como acontecia há 30 anos.
— A gente sempre fala que um bom resultado na cirurgia plástica no nariz não é um nariz perfeito, de anjo. É um nariz que seja natural, ou seja, que esteja em simetria junto com a face do paciente. Isso faz com que a cirurgia do nariz seja uma das mais difíceis e trabalhosas — diz o cirurgião plástico José Octávio Gonçalves de Freitas, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Regional- Regional de São Paulo.
Isso só foi possível graças a evoluções na técnica ao longo dos anos, que permitiram a realização de uma cirurgia mais refinada. Uma delas é a rinoplastia ultrassônica, que permite tratar a parte óssea de forma mais precisa, menos traumática, resultando em menos inchaço, sangramento e hematoma. Também é comum a utilização de cartilagens do próprio organismo para um resultado mais duradouro e natural.
A operação é realizada no hospital e tem cerca de três horas de duração. Ela pode ser realizada com anestesia local e sedação ou anestesia geral. Contra todas as expectativas – dado que a cirurgia envolve cortes na pele, cartilagem e osso – os especialistas afirmam que o pós-operatório da rinoplastia não é muito dolorido.
O incômodo maior ocorre na primeira semana, devido ao inchaço. A orientação é que o paciente fique em casa uma semana. Quem faz home office, já pode voltar a trabalhar a partir do quarto dia. As atividades físicas podem ser retomadas após duas a quatro semanas, a depender do caso.
Os riscos da rinoplastia incluem os mesmos de outras cirurgias e questões específicas, como necrose, infecção e comprometimento da respiração. Por isso, o otorrino Eduardo Dolci, especialista da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABOR-CCF) e diretor da Academia Brasileira de Cirurgia Plástica da Face (ABCPF), ressalta que uma das grandes mudanças que aconteceram na rinoplastia nos últimos anos é a conciliação da parte estética com a parte funcional do nariz. Isso pode envolver a correção de desvio de septo, retirada de carne esponjosa, entre outros.
— Nós sempre falamos para o paciente que o objetivo cirúrgico é atingir A operação é realizada no hospital e tem cerca de três horas de duração. Ela pode ser realizada com anestesia local e sedação ou anestesia geral. Contra todas as expectativas – dado que a cirurgia envolve cortes na pele, cartilagem e osso – os especialistas afirmam que o pós-operatório da rinoplastia não é muito dolorido.
O incômodo maior ocorre na primeira semana, devido ao inchaço. A orientação é que o paciente fique em casa uma semana. Quem faz home office, já pode voltar a trabalhar a partir do quarto dia. As atividades físicas podem ser retomadas após duas a quatro semanas, a depender do caso.
Os riscos da rinoplastia incluem os mesmos de outras cirurgias e questões específicas, como necrose, infecção e comprometimento da respiração. Por isso, o otorrino Eduardo Dolci, especialista da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABOR-CCF) e diretor da Academia Brasileira de Cirurgia Plástica da Face (ABCPF), ressalta que uma das grandes mudanças que aconteceram na rinoplastia nos últimos anos é a conciliação da parte estética com a parte funcional do nariz. Isso pode envolver a correção de desvio de septo, retirada de carne esponjosa, entre outros.
— Nós sempre falamos para o paciente que o objetivo cirúrgico é atingi um ótimo resultado estético, com plena funcionalidade — afirma Dolci.