Redes sociais: autoplay e rolagem infinita estão consumindo sua saúde mental

recursos das redes sociais que se tornaram tendência, como autoplay e rolagem infinita, têm preocupado os especialistas

vicios em redes sociais e smartphones

Foto: Masson-Simon/Envato / Canaltech

Alguns recursos das redes sociais que se tornaram tendência, como autoplay e rolagem infinita, têm preocupado os especialistas da saúde mental. Em um estudo conduzido pelo Instituto Delete – Detox Digital e Uso Consciente de Tecnologias, do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi possível perceber que sete em cada dez pessoas apresentam uso abusivo de telas, e três em cada dez pessoas apresenta um uso abusivo patológico dependente.

A preocupação é que esses recursos representem uma forma de chamar a atenção por meio de truques psicológicos que tornam impossível desviar o olhar. O uso de dispositivos digitais causa um vício que pode ser impulsionado pelo uso das redes sociais, algo que a própria equipe do Instituto Delete reconhece como “mais forte que o alcoolismo.”

Segundo os pesquisadores por trás do Instituto, as mídias sociais têm um mecanismo de recompensa e engajamento que levam a essa sensação de autossatisfação associada ao hormônio do prazer, e em muitos casos, o usuário pula rapidamente para o próximo vídeo, o que sugere que a busca está em uma experiência prazerosa, levando em consideração que o conteúdo da imagem e do vídeo tem inúmeras informações que estimulam o usuário de alguma maneira para dar essa sensação de prazer.

“A dependência digital não está diretamente relacionada ao tempo de conexão de uma pessoa aos seus dispositivos eletrônicos; mas sim ao nível de perda de controle na vida real, trazendo prejuízos nos campos profissional, familiar, afetivo ou social”, diz o Instituto, em sua página.

Como saber se você está dependente das redes sociais

O Instituto destaca alguns aspectos que podem indicar dependência das redes sociais, como a tentativa de esquecer problemas pessoais, buscando a tecnologia como um meio melhor ou mais seguro. “Primeiro indício normalmente mascarado com a falsa sensação de satisfação experimentada ao utilizar a tecnologia”, diz a equipe.

Outro fator a ser levado em conta é a importância que dá à necessidade de se conectar e usar dispositivos, ou seja: quando não consegue desligar o pensamento de forma que a tecnologia começa a dominar lentamente o comando da sua vida.

O tempo dedicado e nível de controle também devem ser vistos com cautela. O Instituto diz que as pessoas gastam cada vez mais horas para buscar as mesmas sensações experimentadas antes, perdem o controle e substituem os programas reais do dia por maior tempo na tecnologia.

Redes sociais fazem mal?

Não faltam estudos alertando que as redes sociais podem fazer mal, se houver um uso excessivo. Anteriormente, cientistas apontaram que abusar de redes sociais é prejudicial à saúde mental dos jovens, por exemplo, que são o principal público.

Pesquisadores também chegaram a apontar que o uso do celular atrapalha nossa memória de trabalho. Vale ressaltar que há um nome científico para o temido vício em celular: nomofobia.

Como usar redes sociais com sabedoria

A Associação de Psicologia Americana (APA) lançou um manual na última semana orientando o uso adequado de redes sociais por adolescentes. Segundo as recomendações, os jovens devem ser incentivados a utilizar funções nas redes sociais que criem oportunidades de apoio social, companheirismo online e intimidade emocional.

“O uso da mídia social não é inerentemente benéfico ou prejudicial para os jovens. A vida online dos adolescentes reflete e impacta suas vidas offline”, diz a associação.

Em paralelo, as orientações apontam que adolescentes devem ser monitorados para evitar o uso problemático das redes sociais, que expõe esse público ao cyberbullying, ódio virtual e conteúdos nocivos.

Fonte: O GloboInstituto DeleteAmerican Psychological Association

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