O mercado de pornografia “sênior” no Japão emerge como uma notável exceção dentro do cenário de entretenimento, onde mulheres mais velhas são colocadas no centro das atenções. Tōda, uma atriz veterana neste segmento, destaca a diferença em relação à sociedade japonesa comum, onde as mulheres muitas vezes “parecem desaparecer após atingirem os 50 anos”.
“Na sociedade japonesa comum, é quase como se as mulheres desaparecessem quando chegam aos 50 anos, mas isso era diferente. Eu gostei disso e pensei: ‘por que não?'” diz Tōda em entrevista ao jornal The Guardian.
Seu sucesso é evidenciado pelos três filmes iniciais que venderam excepcionalmente bem, levando a uma demanda crescente por sua participação. Este nicho de mercado faz parte da indústria de filmes adultos do Japão, estimada em cerca de ¥ 55 bilhões (aproximadamente R$ 2 bilhões) anualmente, empregando aproximadamente 10.000 artistas.
Takuma Kawabe, produtor da Ruby, uma empresa especializada em produções com mulheres maduras, ressalta a publicação que os consumidores mais velhos continuam comprando DVDs em grande quantidade. “Eles têm poder de compra, portanto, há definitivamente um mercado para pessoas mais velhas”, afirma.
No entanto, segundo o The Guardian, o setor não está isento de controvérsias. Uma pesquisa realizada em 2020 pelo gabinete ministerial revelou que um número alarmante de mulheres japonesas foi forçada a aparecer em filmes pornográficos por empresas de produção inescrupulosas.
A introdução de uma lei dois anos depois permitiu que mulheres que participam desses filmes cancelem contratos dentro de um ano do lançamento, visando evitar abusos e intimidações por parte dos produtores.
A demografia envelhecida do Japão contribui para o sucesso desse mercado específico, com a proporção de japoneses com 80 anos ou mais atingindo um em cada 10 no último ano. Estima-se que 36,2 milhões de pessoas tenham 65 anos ou mais, representando 29,1% da população total.
Kawabe atribui a popularidade do pornô sênior à base de consumidores que envelhece e à disposição das atrizes em explorar sua sexualidade mesmo com o passar dos anos. “Em comparação com as pessoas que tinham, digamos, 60 anos quando eu era criança – a geração dos meus avós -, as pessoas que estão na faixa dos 60 anos agora têm um senso muito mais aguçado de beleza e desejo por sexo.”
Embora o setor conte com seu público fiel, é importante notar que uma parte das mulheres que atuam na indústria foi coagida a participar, como revelado pela pesquisa. Apesar disso, Tōda continua atuando e desafia estereótipos. “Vou continuar atuando enquanto houver filmes que me agradem”, afirma ela na entrevista, destacando a importância de desafiar concepções errôneas sobre o interesse sexual das mulheres mais velhas.
Com informações da Marie Claire.