Figurinhas de WhatsApp invadem disputa presidencial

Ferramenta também serve como estratégia de atingir novos eleitorados nas redes

Um meio para refletir emoções e reações sociais, de gerar sensação de pertencimento a um determinado grupo ou estratégia política para chegar a novos eleitores. São muitas as funções das figurinhas de WhatsApp, um recurso cada vez mais explorado pelas campanhas e pelos eleitores para fazer circular mensagens políticas.

De tão frequentes e relevantes, elas passaram a ser incentivadas e distribuídas pela própria Justiça Eleitoral, que, em parceria com o aplicativo de mensagens, criou um pacote de figurinhas voltado para a checagem de informações. Diante da centralidade das pequenas imagens trocadas entre amigos e familiares, o Sonar fez uma pequena seleção das peças que circularam nas últimas semanas.

Professor e pesquisador de Comunicação da Universidade Federal Fluminense (UFF), Viktor Chagas lembra que as figurinhas são um componente relativamente novo nas eleições presidenciais brasileiras e que é a primeira vez que estão presentes desde o início da campanha — a funcionalidade foi lançada no WhatsApp no meio das eleições de 2018 e este é, portanto, o primeiro pleito para presidente em que há um planejamento e estratégias que pensam essas imagens como recursos de campanha. Para Chagas, elas podem ser lidas como memes, na medida em que configuram uma espécie de “piada interna” que gera um senso de pertencimento e identidades coletivas.

Memes compartilhados nas redes sociais fazendo referência aos presidenciáveis (Editoria de Arte – O GLOBO)

— O principal objetivo, na política, é contribuírem para furar bolhas. Elas operam em uma certa chave de esvaziamento do significado da política. Várias dessas figurinhas trazem candidatos representados como super-heróis ou em determinadas situações e posições esdrúxulas e acabam construindo uma certa gramática que se associa mais ao campo do entretenimento que ao da política. O objetivo é que se alastrem, que conquistem audiência e circulem em grupos que extravasem o campo da militância mais aguerrida — analisa o pesquisador da UFF.

As figurinhas não necessariamente estampam os candidatos. Há aquelas que enfatizam um argumento político. E elas podem ainda ser reinterpretadas para além do contexto eleitoral. Uma outra tendência é que elas sirvam como uma forma de deixar a discussão política mais leve.

Um estudo do centro de pesquisa InternetLab em parceria com a Rede Conhecimento Social, divulgado em agosto, apontou que enquanto 50% dos usuários do aplicativo entrevistados dizem se policiar mais sobre o que falam em grupos nos aplicativos e evitar falar de política para fugir de brigas, um terço considera que mandar mensagens de humor é um bom jeito de falar sobre o tema sem provocar brigas. Para isso, memes e figurinhas são alguns dos recursos.

As informações são do Blog Sonar, do Jornal O GLOBO.

 

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