‘Excêntrico’ e ‘falastrão’: quem é o coreano criador de criptomoedas que sumiu após rombo de US$ 40 bi

Coreia do Sul emitiu mandado de prisão para Do Kwon e pediu ajuda à Interpol para localizá-lo; engenheiro trabalhou na Apple e na Microsoft

No intervalo de quatro anos, Do Kwon passou do status de visionário aclamado por fãs a um fugitivo da polícia de seu país. O sul-coreano, de 31 anos, é um dos criadores das criptomoedas Luna e TerraUSD, que faliram em maio deste ano e deixaram um rombo de quase US$ 40 bilhões para os investidores.

Acusado de fraude na Coreia do Sul, o engenheiro teve um mandado de prisão emitido na semana passada, mas está desaparecido. As autoridades coreanas pediram ajuda da Interpol para detê-lo.

Formado pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, em 2015, o engenheiro de software teve passagens pela Microsoft e pela Apple. Mas o salto em sua carreira aconteceu em 2018, quando fundou a Terraform Labs.

Nos três anos seguintes, a startup de Kwon levantou mais de US$ 382 milhões de fundos de investimentos como Arrington Capital, Pantera Capital e Galaxy Digital.

Com esses recursos, o engenheiro desenvolveu os projetos das criptomoedas TerraUSD (pareada ao valor de US$ 1) e Luna. Esta última chegou a ter uma unidade da Luna negociada a quase US$ 100.

Na época do auge, Kwon atraiu um culto de fãs conhecidos como “Lunatics”, em referência ao nome de sua criptomoeda. Nesta fase, o sul-coreano ficou famoso por sua autoconfiança e língua afiada para comentar a respeito de seus competidores.

Em perfil publicado na revista “Fortune”, ele é tratado como “excêntrico”. Já em uma longa reportagem do jornal americano “The New York Times”, o engenheiro é chamado de “falastrão”.

A fama de Kwon começou a mudar em maio deste ano, quando a Luna teve uma queda de 99% no prazo de 72 horas, fazendo desaparecer as economias de milhares de investidores.

Kwon foi acusado de fraude e as autoridades judiciais sul-coreanas formalizaram um pedido à Interpol para colocá-lo na lista vermelha de procurados. A Procuradoria da Coreia do Sul também exigiu que o Ministério das Relações Exteriores do país cancele o passaporte de Kwon com a intenção de limitar seus movimentos.

O cerco judicial está relacionado a duas queixas coletivas apresentadas por dezenas de investidores, que acusam os fundadores da Terraform Labs por enganá-los “com suas moedas algorítmicas defeituosas”.

Neste fim de semana, através de suas redes sociais, Kwon afirmou que não está “em fuga”, mas disposto a colaborar com “qualquer agência governamental”, e acrescentou que está em processo de articulação de uma defesa “em múltiplas jurisdições”. “Mantivemos um nível extremamente alto de integridade e esperamos esclarecer a verdade nos próximos meses”, escreveu ele.

As informações são do Jornal O GLOBO.

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