- Thorsten Heitzmann – Presidente da TNS
As sociedades de alto QI são organizações que tem como objetivo reunir membros que obtenham um determinado percentil em teste que medem o QI, com o objetivo de garantir o compartilhamento de informações, viabilização de pesquisas, crescimento pessoal e interpessoal, entre outros, quanto mais elevado for o índice necessário para ingressar na sociedade, mais restrita ela é.
Uma das sociedades de alto QI mais restritas é a TNS — Triple Nine Society, que reúne integrantes que possuem pontuação igual ou superior a 99,9 percentil, o que seria mais de 147 pontos em testes de QI que não costumam ser aplicados no Brasil.
Mas, para a maioria das pessoas, há um certo mistério sobre esse tipo de organização, só para se ter uma ideia, para entrar na famosa Mensa precisa atingir percentil 98 e na Intertel 99, o que daria 130 e 135 pontos respectivamente.
A maior importância da TNS reside na própria comunidade de pessoas com altas habilidades, apesar de toda a sociedade como um todo ser beneficiada do estímulo à aceitação de indivíduos com alto QI, o que muitas vezes é um processo complicado e as impede de contribuírem com a sociedade.
Isso afasta a “aura” de mistério que muitas vezes é atribuída pela sociedade em geral a esse tipo de sociedade, considerando-a inatingível, com objetivos complexos e inalcançáveis, sendo apenas um coletivo voltado à interação e entendimento.
O Dr. Fabiano de Abreu Agrela, que é Pós PhD em neurociências e membro da Triple Nine Society, lusobrasileiro e membro de outras sociedades de alto QI, em sua experiência, ressalta que os testes da TNS são mais complexos que de outras sociedades do gênero, o que lhe permite, além de manter a restritividade, mantê-la acessível e projetá-la a uma escala global.
Ele destaca que a principal característica da TNS para seus membros é a possibilidade de interagir com outras pessoas com alto QI, permitindo uma maior identidade entre seus pares e incentivar o autoconhecimento, no entanto, de acordo com ele, os temas das conversas entre os membros raramente circundam a inteligência em si, e sim “matar a curiosidade na curiosidade alheia”, tornando as informações mais dinâmicas.
Para alguém, em especial pessoas mais jovens, que se deparam com altas habilidades e pontuações em testes de QI, essa pode ser uma jornada árdua de autoconhecimento, desafios de inserção na sociedade e de encontrar o apoio necessário, todas essas características são englobadas pelas sociedades de alto QI, que exercem um importante papel no desenvolvimento colaborativo.
Existem grupos ainda mais restritos, como, exemplo, a Prometheus que atende a faixa 4SD e a TNS 3SD, no entanto, é muito difícil terem testes bons, credíveis e cientificamente válidos para os intervalos 3-4 DP.
Além do mais, a Prometheus aceita apenas o teste Analogias de Miller (MAT), que é específico para nativos de inglês, ou seja, pessoas que tenham nascido nessas regiões de origem inglesa. Já Agrela, disse que por isso a TNS se torna a mais restrita, por ser acessível.
A TNS consegue realizar reuniões oficiais e não oficiais que atraem grandes quantidades de membros (relativamente falando).
Para dar um exemplo, a TNS tem cerca de 450 membros na Europa e pouco menos de 100 membros (de todo o mundo) que participarão da reunião não oficial de 2023.
E se existe muita discrepância entre o que as pessoas em geral pensam que acontece em uma sociedade de alto QI e o que realmente acontece, a ideia é fornecer um espaço onde as pessoas possam ser seus “eus” normais, e sendo seus “eus” normais, as pessoas talentosas não são diferentes de todos os outros, a velocidade da conversa pode ser diferente, os temas podem ser mais ecléticos, entre outras coisas, o que geralmente surpreende as pessoas é que o QI alto em si raramente é um tópico.
Os traços gerais de pessoas altamente inteligentes são ainda mais fortes em pessoas de QI muito alto, mas isso provavelmente era de se esperar.
O que percebo, mas isso é apenas uma noção pessoal, é que as pessoas que têm QI muito alto muitas vezes parecem ser mais capazes de aceitar que a superdotação tem suas limitações e não é uma cura para tudo.
Com informações da CNN.