Clicagem em massa: como os smartphones podem nos tornar impulsivos

Uso de smartphones E ESPERMATOZOIDES

Uso exagerado de smartphones é um problema que afeta muitas pessoas nos dias de hoje (foto: divulgação)

Ficar colado ao smartphone pode fazer com que você tome decisões impulsivas e anseie por gratificação imediata.

Na verdade, as pessoas que passam mais tempo em seus telefones são mais propensas a rejeitar recompensas maiores e que chegam mais tarde em favor de recompensas menores e imediatas, de acordo com um estudo publicado quarta-feira (18) na revista acadêmica “PLOS ONE”.

Há tempos, a ciência mostra que a preferência por recompensas menores e imediatas (o que os pesquisadores chamam de “desconto por atraso”) é um indicador de vários comportamentos negativos, como dependência de drogas, jogo excessivo e abuso de álcool. Agora, um novo estudo da Freie Universität, em Berlim, revelou que uso excessivo de smartphones também está ligado à impulsividade.

“Nossas descobertas fornecem evidências adicionais de que o uso do smartphone e a tomada de decisão impulsiva andam de mãos dadas”, disseram os pesquisadores Tim Schulz van Endert e Peter Mohr.

“Pessoas que já estão cientes de sua tomada de decisão impulsiva podem se beneficiar do conhecimento de seu risco aumentado de uso excessivo dos celulares”.

De acordo com Endert, existem pelo menos dois fatores anteriores à escolha impulsiva. Um é o autocontrole: a capacidade de resistir às tentações para atingir objetivos específicos. O outra é a capacidade de imaginar resultados potenciais de seus comportamentos e consequências futuras.

“Descobrimos que os participantes com baixo autocontrole tendem a usar mais seus smartphones”, contou Endert, doutorando da Freie Universitat, à CNN.

“No entanto, os usuários de smartphone com alto uso parecem não ter a capacidade de imaginar as consequências (potencialmente adversas) de seu comportamento.”

Redes sociais e jogos

O estudo também descobriu que a preferência por recompensas menores e imediatas estava ligada ao uso mais intenso de dois tipos de aplicativos: redes sociais e jogos.

“Ambos oferecem gratificação rápida na forma de curtidas ou conteúdo de entretenimento (mídias sociais) e recompensas ou bônus (jogos)”, explicou Endert. “Parece intuitivo que os indivíduos atraídos por recompensas imediatas gastem mais tempo nesses aplicativos”.

Ele acrescentou que mais pesquisas são necessárias para investigar o apelo de diferentes aplicativos e descobrir exatamente por que as redes sociais e os jogos estão associados a uma preferência mais forte por recompensas imediatas, uma vez que isso não estava no escopo de seu estudo.

A pesquisa foi baseada em dados do aplicativo interno do iPhone que rastreia o uso do telefone, fornecendo a duração exata que 101 participantes do estudo usaram ativamente cada aplicativo em seus telefones. O método é considerado mais preciso do que confiar nos participantes para relatar o uso do próprio telefone, já que os cientistas dizem que a maioria das pessoas subestima o tempo que eles passam com os telefones.

“Em uma comparação direta do tempo de tela autorrelatado versus real, descobrimos que 71% dos participantes superestimaram e 17% subestimaram seu tempo de tela”, escreveram Schulz van Endert e Mohr no estudo.

Impactos negativos de mais tempo de tela

Os resultados mostrando ligações entre impulsividade e uso de telefone não foram muito surpreendentes, uma vez que se alinham com pesquisas anteriores sobre os chamados descontos por atraso e comportamentos problemáticos. Mas ele ficou surpreso com o tempo que algumas pessoas gastam em mídias sociais e aplicativos de jogos: mais de 10 horas por dia em alguns casos.

O novo estudo parece apoiar pesquisas existentes que indicam que o tempo excessivo de tela tem impactos negativos. Já pesquisas prévias apontaram que o uso de smartphones pode piorar as dores de cabeça, interromper os padrões de sono e impactar negativamente a saúde mental.

O mais recente relatório de audiência da Nielsen Company revelou que adultos nos Estados Unidos passaram 12 horas e 20 minutos conectados à mídia todos os dias. Os dados são do relatório de abril de 2020, com base em dados anteriores ao início da pandemia. Quase metade do tempo total de mídia (5 horas e 43 minutos) é gasto vendo conteúdo de vídeo em TVs, computadores, smartphones e tablets.

Adultos de 35 a 49 anos passam mais tempo em dispositivos digitais: 6 horas e 13 minutos por dia. E entre os adultos de 18 a 34 anos, quase metade (46%) de todo o tempo gasto em mídia é em seus smartphones.

Enquanto isso, adolescentes norte-americanos passaram uma média de sete horas e 22 minutos nas telas todos os dias no ano passado – não incluindo as telas usadas para trabalhos escolares, de acordo com um relatório de 2019 da Common Sense Media. E isso foi antes de a pandemia do coronavírus empurrar a vida social das pessoas para as telas.

As informações são da CNN Brasil.

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