Aguardadas como uma nova arma no combate ao câncer, as vacinas terapêuticas para tratamento de tumores podem estar mais perto do que parece de se tornar uma realidade. Segundo o casal de cientistas que fundaram a BioNTech, empresa alemã de biotecnologia responsável pelo imunizante da Covid-19 desenvolvido em parceria com a Pfizer, as aplicações estarão disponíveis para uso em até oito anos.
— Nós sentimos que a cura para o câncer, ou para (ao menos) mudar a vida dos pacientes com câncer, está ao nosso alcance — disse a imunologista Ozlem Tureci em entrevista ao “Sunday with Laura Kuenssberg” da BBC, neste domingo. — Acreditamos que isso acontecerá, definitivamente, antes de 2030 — completou o professor de oncologia Ugur Sahin.
Entre a série de aplicações em testes pela BioNTech, as mais avançadas, na fase 2 dos 3 estágios clínicos, são as injeções para o câncer colorretal, o melanoma (câncer de pele), o melanoma avançado e o câncer de cabeça e pescoço. Há ainda vacinas para o câncer de ovário, de próstata e tumores sólidos na primeira etapa dos estudos com humanos.
— O nosso objetivo é que possamos usar a abordagem de vacina individualizada para garantir que, diretamente após a cirurgia, os pacientes recebam uma dose personalizada e individualizada que induzem uma resposta imune para que as células T (de defesa) no corpo do paciente consigam rastrear as células tumorais restantes e, idealmente, eliminá-las — diz Sahin.
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Para isso, a empresa fundada pelo casal em 2008 apostou principalmente na tecnologia de RNA mensageiro (RNAm). A plataforma, que já era utilizada na série de candidatas a vacinas para prevenir doenças infecciosas e tratar tumores em testes pela BioNTech, foi comprovada como um método eficaz e seguro com a Covid-19.
No início da pandemia, a BioNTech firmou uma parceria com a farmacêutica americana Pfizer e, juntas, foram as responsáveis pelo primeiro imunizante contra o novo coronavírus a receber um aval no mundo. Chamado de Comirnaty, a aplicação utiliza o RNAm para induzir os anticorpos e as células de defesa contra o Sars-CoV 2, e faz parte de diversas campanhas de vacinação pelo mundo, inclusive no Brasil.
— O RNAm age como um manual de instruções e permite que você diga ao corpo para produzir o medicamento ou a vacina. Quando você usa o RNAm como uma vacina, ele é como um manual para o ‘cartaz de procurado’ do inimigo. Neste caso, (são) os antígenos de câncer que distinguem as células cancerosas das células normais — explica Tureci.
Dessa forma, o sistema de proteção do corpo reconhece esses antígenos e passam a produzir defesas para atacá-los. Caso se prove eficaz no combate aos tumores, as vacinas de RNA mensageiro serão uma nova frente menos invasiva no tratamento do câncer, que hoje conta com a quimioterapia, a radioterapia e a imunoterapia como principais alternativas.
As informações são do Jornal O GLOBO.