Rússia deporta alemão acusado de “propaganda LGBT”

Professor de 40 anos foi punido após tentar marcar encontro com um homem de 25 anos

LGBT NA RUSSIA

Lei que entrou em vigor na Rússia em 2022 passou a proibir duramente o que o Kremlin vê como propaganda de "relações não tradicionais" (Divulgação - Picture Alliance)

Um tribunal russo ordenou a deportação de um cidadão alemão por considerá-lo culpado de promover “propaganda LGBT” no país, em violação a uma lei que proíbe manifestações favoráveis à diversidade sexual na mídia e nas artes.

Não está claro como o alemão violou a lei. Relatos na imprensa russa afirmam que o acusado, um professor de 40 anos identificado apenas como “R.”, teria entrado em contato por meio da internet com um morador local de 25 anos e o convidado para ir ao seu quarto de hotel. Não ficou claro se as mensagens foram enviadas de forma privada ou se foram divulgadas publicamente em redes sociais.

O tribunal na cidade de Kamchatka, no extremo leste do país, também multou o alemão em 150 mil rublos (em torno de R$ 9,4 mil). Segundo a imprensa russa, ele admitiu ser culpado da acusação.

O julgamento ocorreu no início de abril, mas somente agora a punição foi aplicada. Nesta terça-feira (02/05), a polícia judiciária o transportou para Moscou, de onde ele iniciará sua viagem de volta para a Alemanha, com uma escala na Turquia.

Relações entre pessoas do mesmo sexo não são oficialmente ilegais na Rússia, mas o governo do país instituiu uma série de leis homofóbicas para reprimir a expressão da diversidade sexual ou o que o Kremlin classifica como “relações sexuais não tradicionais”.

Em abril de 2023, um tribunal de Kazan já havia determinado a expulsão de um blogueiro chinês da Rússia com base na lei de “propaganda LGBT”. De acordo com o tribunal, o chinês postou vídeos em seu canal no YouTube “retratando relações sexuais não tradicionais com um nativo da Geórgia”. Na realidade, os vídeos apenas retravavam o cotidiano do casal. Mostrando os parceiros se abraçando, recriando cenas de beijos e falando sobre a primeira relação sexual.

O que diz a lei russa

O termo LGBT – acrônimo para lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros – é amplamente utilizado na imprensa e na sociedade russa.

Uma lei assinada pelo presidente russo, Vladimir Putin, em dezembro, proibiu publicidade, referências online e na imprensa, livros, filmes e peças de teatro que contenham “promoção de relações sexuais não tradicionais” ou, de maneira coloquial, “propaganda LGBT”.

A lei, voltada para qualquer tipo de representação positiva da homossexualidade, amplia uma legislação de 2013 que já proibia esse tipo de “propaganda” para menores de idade. Desde então, o que o governo russo chama de “propaganda de relações sexuais não tradicionais” passou a ser proibida todas as faixas etárias.

Em abril, a proibição desse tipo de conteúdo levou o renomado Balé Bolshoi a cancelar uma produção dedicada a Rudolf Nureyev que tratava da homossexualidade do célebre bailarino russo.

Organizações de direitos humanos criticam fortemente a legislação, que consideram um encorajamento do Estado russo à homofobia, intolerância e discriminação. O texto da lei é considerado vago e aberto a interpretações, o que acaba permitindo a condenação de indivíduos.

Com informações da DW.

Sair da versão mobile