Morte de ministro russo entra na lista de incidentes misteriosos envolvendo membros da elite de Moscou

Pyotr Kucherenko morreu ao retornar de uma viagem de Cuba; causa ainda não foi divulgada

morte de membros da elite russa

Vice-ministro da Ciência e Educação Superior da Rússia, Pyotr Kucherenko, morreu ao retornar de Cuba (Ministério da Ciência e Ensino Superior da Rússia)

O vice-ministro da Ciência e Educação Superior da Rússia, Pyotr Kucherenko, 46, morreu ao retornar de uma viagem a Cuba no sábado (20), segundo o ministério.

“Kucherenko estava passando mal em um avião com uma delegação russa que voltava de uma viagem de negócios a Cuba. O avião pousou na cidade de Mineralnye Vody, onde os médicos tentaram atender”, disse o ministério em comunicado divulgado em seu site, acrescentando que o ministro não pôde ser salvo.

A família de Kucherenko disse que sua morte pode ter sido causada por um problema cardíaco, mas um exame forense será realizado na quarta-feira (24), de acordo com a emissora estatal Zvezda.

Falando a repórteres nesta terça-feira (23), o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que não estava ciente da causa da morte de Kucherenko.

O jornalista Roman Super, que fugiu da Rússia logo após a invasão da Ucrânia em fevereiro passado, disse em seu canal no Telegram que havia falado com Kucherenko “apenas alguns dias” antes de fugir.

Ele disse que Kucherenko temia por sua segurança e o encorajou a deixar a Rússia.

“Salve você e sua família. Saia o mais rápido possível. Você não pode imaginar o grau de brutalização do nosso estado. Em um ano você não reconhecerá a Rússia. Ao sair, você está fazendo a coisa certa”, disse Kucherenko, segundo o Super.

Super disse que perguntou a Kucherenko se ele também queria deixar a Rússia, ao que, segundo ele, o ministro respondeu: “Não é mais possível fazê-lo. Tiram nossos passaportes. E não existe um mundo onde eles agora ficarão felizes com o vice-ministro russo após esta invasão fascista”.

O jornalista acrescentou que Kucherenko disse a ele que estava tomando antidepressivos e tranquilizantes, citando-o como tendo dito: “Eu bebo em punhados. E não ajuda muito. Eu quase não durmo. Eu me sinto mal. Somos todos reféns. Ninguém pode dizer nada. Caso contrário, somos imediatamente esmagados como insetos.”

Mortes misteriosas se acumulam

A morte de Kucherenko não é a primeira morte russa inexplicável a despertar interesse.

Pelo menos 13 empresários russos de alto perfil morreram por suicídio ou em acidentes inexplicáveis no ano passado, com seis deles associados às duas maiores empresas de energia da Rússia.

O magnata da linguiça russa que se tornou legislador, Pavel Antov, morreu na Índia em dezembro depois de cair do terceiro andar de seu hotel, segundo a polícia indiana.

A morte de Antov ocorreu depois que seu amigo e companheiro de viagem, Vladimir Budanov, morreu de ataque cardíaco no aniversário de 65 anos de Antov, dois dias antes, segundo a polícia.

Budanov tinha 61 anos e um problema cardíaco preexistente, disse a polícia, acrescentando acreditar que a morte de Antov foi um suicídio.

Alexander Buzakov, chefe de um grande estaleiro russo especializado na construção de submarinos não nucleares, morreu repentinamente em dezembro, sem causa de morte dada pelas autoridades, informou a agência de notícias Reuters.

Anatoly Gerashchenko, ex-reitor do Instituto de Aviação de Moscou, morreu em um acidente não especificado em setembro, de acordo com um comunicado do instituto.

O presidente da Lukoil, Ravil Maganov, morreu no início de setembro após cair da janela de um hospital em Moscou, segundo a TASS.

Em meados de setembro, o empresário russo Ivan Pechorin, que era o principal gerente da Corporação para o Desenvolvimento do Extremo Oriente e do Ártico, foi encontrado morto em Vladivostok, segundo a mídia estatal russa.

Pechorin se afogou em 10 de setembro perto do Cabo Ignatyev em Vladivostok, informou a mídia regional.

Outro gerente importante da Lukoil, Alexander Subbotin, foi encontrado morto perto de Moscou em maio, depois de supostamente visitar um xamã, informou a TASS.

Com informações da CNN.

Sair da versão mobile