Chanceler israelense usa ato de Bolsonaro para criticar Lula

Cutucada ocorre em meio a crise diplomática entre Israel e Brasil, desencadeada por fala em que o petista comparou guerra em Gaza ao Holocausto

O ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, mandou novo recado para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta segunda-feira, 26, usando imagem do ato convocado por Jair Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo, para criticar o petista. A alfinetada ocorre em meio a uma crise diplomática entre Brasil e Israel, desencadeada por uma fala em que Lula comparou as ações militares israelenses contra os palestinos em Gaza ao Holocausto.

“Muito obrigado ao povo brasileiro por apoiar Israel. Nem Lula conseguirá nos separar”, disse Katz em uma postagem no X, antigo Twitter, junto a uma imagem que mostra um mar de manifestantes com camisas amarelas da seleção brasileira de futebol e uma bandeira de Israel.

“Preferimos ficar de fora”

O comentário de Katz ocorre apesar da Embaixada de Israel no Brasil ter afirmado na última quarta-feira 21 que o embaixador, Daniel Zonshine, e nenhum outro representante diplomático israelense, não compareceria ao ato, porque “preferimos ficar fora do debate político interno”.

A sugestão do convite a Zonshine havia partido de Fabio Wajngarten, ex-secretário-executivo do Ministério das Comunicações e ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social durante o governo Bolsonaro. Os opositores de Lula usaram a briga diplomática para atacar o governo, saindo em defesa de Israel e criticando o posicionamento do presidente.

O Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil (CIMEB) divulgou na segunda-feira 19 nota em que repudia a declaração de Lula sobre Israel. Ele também foi alvo de repúdio formal das bancadas evangélicas da Câmara e do Senado. Para os líderes religiosos que assinam o documento da CIMEB — entre eles Silas Malafaia e Estevam Hernandes — a fala de Lula “envergonha o Brasil diante das nações do mundo”. Os congressistas, por sua vez, adotaram tom mais brando e classificaram as palavras como “mal colocadas” e “desequilibradas”, mas disseram “provocar conflito ideológico desnecessário”.

Crise diplomática

Em resposta à fala de Lula, o governo israelense declarou o presidente persona non grata e convocou o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, para uma reprimenda.

Com informações da Revista Veja.

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