Após mais de 2 meses, professores de 25 universidades encerram greve; maioria segue com paralisação

Em todo o país, 64 das 69 instituições aderiram à paralisação pela recomposição dos salários e melhores condições de trabalho

Após mais de 2 meses, professores de 25 universidades encerram greve; maioria segue com paralisação

(© Rovena Rosa/Agência Brasil )

Em meio à falta de reajuste salarial neste ano, professores de universidades federais iniciaram uma paralisação em meados de abril. Porém, interrupção da greve não significa retorno imediato das atividades.

Após mais de dois meses, pelo menos 25 universidades federais decidiram nesta sexta-feira (21) pelo fim da paralisação, informou a Agência Brasil. Em todo o país, 64 das 69 instituições aderiram à paralisação pela recomposição dos salários e melhores condições de trabalho.

Entre idas e vindas, o governo apresentou várias propostas, sendo a última neste mês. Caso o movimento não fosse encerrado até esta sexta, o governo federal ameaçou retirar o texto, que prevê um aumento linear de 12,8% até 2026: 9% em janeiro de 2025 e outros 3,5% em maio de 2026.

Além disso, a União apresentou a recomposição parcial do orçamento das unidades e institutos federais e reajuste de benefícios. Conforme o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, com o reajuste, o acumulado de aumento salarial na atual gestão ficará entre 23% e 43% entre 2023 e 2026. Apesar de encerrar as negociações, a pasta enfatizou que está aberta para dialogar pautas não relacionadas aos vencimentos.

‘Não tenho medo de reitores’

Durante um evento no Maranhão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou sobre a paralisação e disse não ter medo dos reitores. Além disso, Lula declarou que o governo concedeu 9% de reajuste no ano passado e “nem me agradeceram, e já estão querendo [novo aumento]”.

“Vocês estão lembrados de um presidente que nunca recebeu um reitor na vida dele, nunca recebeu um reitor? Eu, em apenas 1 ano e 7 meses, já convoquei 2 reuniões com todos os reitores do Brasil, das universidades e dos institutos federais, porque eu não tenho medo de reitor, e esse dedo que falta não foram eles que morderam. Esse dedo eu perdi numa fábrica e, portanto, quero ter uma relação a mais democrática possível”, afirmou.

Na última semana, Lula chegou a anunciar novos investimentos na infraestrutura das unidades federais, em um total de R$ 3,17 bilhões. Além disso, serão destinados R$ 1,75 bilhões para os hospitais universitários e a criação de dez novos campi no país, com outros R$ 600 milhões.

Decisão não significa retorno imediato às aulas

O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) encaminhou a proposta do governo para consulta nas 55 universidades federais, dos quais pelo menos 25 já decidiram pela aceitação. Porém, a decisão não significa o retorno imediato das aulas e atividades acadêmicas.

Além disso, as unidades possuem autonomia administrativa para reestruturar o calendário acadêmico dos dois semestres deste ano.

“Durante o final de semana, o comando nacional de greve vai tabular as respostas das seções sindicais, secretarias regionais e dos comandos locais de greve sobre a continuidade ou término do movimento paredista. Também vai analisar o encaminhamento de retorno das atividades e início da reposição, se na próxima semana ou se apenas no início de julho”, informou a Agência Brasil.

Já a Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra) informou que analisa as assembleias realizadas em todo o país ao longo da semana. O retorno das atividades também depende do fim da paralisação do corpo técnico.

Após o encerramento total da greve, o governo também se comprometeu a revogar uma portaria de novembro de 2020 do Ministério da Educação que eleva a carga horária mínima semanal dos docentes.

 

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