Ao menos 340 pessoas foram detidas na Rússia em eventos pela memória de Navalny, diz ONG

Alexei Navalny, de 47 anos, morreu nesta sexta-feira (16) durante uma caminhada na prisão onde estava encarcerado, no Ártico

Ao menos 340 pessoas foram detidas na Rússia em eventos pela memória de Navalny, diz ONG

Ao menos 340 pessoas foram detidas em eventos realizados na Rússia entre esta sexta (16) e o sábado (17) em memória de Alexei Navalny, um dos maiores oponentes políticos internos do presidente russo Vladimir Putin.  As informações são da ONG de direitos humanos OVD-Info.

O número representa a maior onda de prisões em eventos políticos na Rússia desde setembro de 2022, quando mais de 1.300 pessoas foram presas em atos contra uma “mobilização parcial” de reservistas para a campanha militar na Ucrânia.

Navalny tinha 47 anos e era advogado. Ele perdeu a consciência e morreu na sexta-feira após uma caminhada na colônia penal conhecida como “Lobo Polar”, onde servia uma pena de mais de 30 anos, segundo as autoridades.

A OVD-Info, que produz relatórios sobre a liberdade de reunião na Rússia, informou que pelo menos 340 pessoas foram detidas em manifestações e vigílias espontâneas em 32 cidades de todo o país até as 11h09 deste sábado, no horário de Brasília.

Ainda de acordo com a OVD-Info, a polícia teria detido pelo menos 74 pessoas em São Petesburgo e pelo menos 49 em Moscou, as duas maiores cidades da Rússia, onde se concentrava a maior parte dos apoiadores urbanos de Navalny.

Imagens filmadas pela Reuters no sábado em São Petersburgo mostraram dezenas de pessoas reunidas perto de um monumento às vítimas da repressão.

Os manifestantes colocaram flores e velas, enquanto alguns cantavam hinos e outros se abraçavam, derramando lágrimas.

“Senti muita pena dele e do nosso país”, disse uma mulher de 83 anos que participou na vigília e não quis revelar o seu nome. “Eu estou assustada.”

Um repórter da Reuters presente no local disse que cerca de 30 pessoas foram presas logo após o término da cantoria.

O grupo também reportou prisões individuais em cidades menores, como Belgorod, na região da fronteira com a Ucrânia, onde sete pessoas foram mortas após um ataque de míssil ucraniano na quinta-feira (15), e em Vorkuta, um distrito de mineração no Ártico onde já esteve localizado um centro dos campos de trabalho forçado – os gulags – da era Stalin.

Imagens registradas pela Reuters em Moscou mostram agentes de segurança agrupando pessoas no chão, sob a neve, próximas a um local onde apoiadores deixaram flores e mensagens em homenagem ao falecido líder da oposição.

“Em cada delegacia podem haver mais detidos do que nas listas publicadas”, disse a OVD-Info. “Nós publicamos somente os nomes das pessoas de quem temos conhecimento e cujos nomes podem ser publicados.”

A Reuters não pôde fazer a verificação imediata da contagem.

As centenas de flores e velas depositadas em Moscou na sexta-feira para honrar a memória de Navalny foram, na maior parte, retiradas durante a madrugada em sacos pretos. Durante as homenagens, alguns russos falaram em “desespero” e “apatia” após a morte de Navalny. 

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