‘Voltaram a me estuprar’, diz vítima de Daniel Alves após concessão de fiança

Vítima do brasileiro condenado por estupro desabafou por meio da advogada Ester García López

fiança de daniel alves

Justiça da Espanha concedeu fiança por liberdade provisória de Daniel Alves, condenado por estupro (Photo by ALBERTO ESTEVEZ/POOL/AFP via Getty Images)

A decisão pela liberdade provisória sob pagamento de fiança a Daniel Alves foi um choque para a mulher que ele estuprou, revelou a advogada Ester García López, nesta quinta-feira, 21. Ao UOL, a representante da vítima destacou o sentimento de ‘injustiça’ com a determinação judicial que beneficiou o brasileiro condenado.

À reportagem, Ester afirmou que se encontrou com a vítima após a Justiça da Espanha divulgar a arbitragem da fiança. A mulher estava ‘inconsolável’. “Nunca vi ela tão mal quanto ontem, desde o começo desse caso”, disse a advogada.

“Sinto que voltaram a me estuprar. Estou cansada de ser forte, não quero mais ser forte”, afirmou a vítima do jogador à advogada, que pretende apresentar um recurso contra a fiança de Daniel Alves até a próxima segunda-feira, 25.

“A sensação que fica é a de que a Justiça tem um preço. A sentença já era injusta, uma vez que nunca vi uma pena tão baixa para um estupro. Nós estamos lutando contra o poder”, protestou a defensora da vítima.

Ester teme que, com a liberdade provisória, Daniel Alves passe a dar entrevistas e que isso possa desencadear gatilhos emocionais na vítima. A defensora afirma que a mulher é ‘revitimizada’ a cada notícia publicada sobre o caso. “Ela é muito forte, creio que se fosse outra pessoa, não teria resistido a tudo isso”.

A advogada ressalta que a decisão foi tomada pelas mesmas pessoas que optaram pela condenação do brasileiro e que negaram outros cinco pedidos de liberdade provisória anteriores ao julgamento.

Fiança polêmica

Na quarta-feira, 20, a Justiça da Espanha aceitou o pedido de liberdade provisória de Daniel Alves sob fiança de 1 milhão de euros (cerca de R$ 5,4 milhões). O jogador está preso desde janeiro de 2023 e foi condenado a quatro anos e meio de prisão por agressão sexual.

A medida foi tomada após um dia da audiência realizada a pedido da defesa do jogador. Na sessão, foi alegado que ele já cumpriu um quarto da pena e, por isso, teria o direito de aguardar a decisão dos recursos em liberdade provisória. “Não vou fugir. Confio na Justiça e estarei sempre à sua disposição”, afirmou Daniel Alves em sua declaração.

De acordo com o El País, a ordem emitida pela 21ª Seção do Tribunal de Justiça de Barcelona impõe diversas condições e medidas cautelares, além da fiança. Os magistrados ordenaram também a entrega dos dois passaportes de Alves – espanhol e brasileiro –, para impedi-lo de fugir. O jogador deverá comparecer semanalmente ao Tribunal de Barcelona.

Uma de suas advogadas, Inés Guardiola, já havia proposto aos magistrados medidas alternativas à prisão, incluindo uma fiança de 50 mil euros (R$ 273 mil), a retirada dos passaportes e a apresentação do jogador em um juizado semanalmente ou diariamente.

A decisão contou com voto divergente de um dos três juízes, a favor da manutenção da situação de prisão preventiva de Alves. Já o Ministério Público se manifestou contrário à medida, sob o argumento de que o atleta tem condições financeiras para fugir. No entanto, a defesa dele reiterou que ele tem domicílio em Barcelona.

Após a condenação do jogador, todas as partes recorreram da sentença. A defesa dele pede pela absolvição, enquanto o Ministério Público e os advogados da vítima pedem que ele seja condenado a cumprir a pena máxima, de 12 anos.

 

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