Salvador Dalí tinha atração por Adolf Hitler

Salvador Dalí

Salvador Dalí e sua atração pelo autoritarismo | Foto: Reprodução

A passagem de Salvador Dalí pelo surrealismo durou apenas dez anos, justamente a fase que é considerada a sua melhor época. Foi expulso do movimento por seu fundador, o poeta francês André Breton. 

A obsessão pela figura de Adolf Hitler, o flerte com a ditadura do fascista espanhol, Francisco Franco, e o apego ao dinheiro, que renderam a ele o apelido de Avida Dollars, forçaram sua exclusão.  

Por trás do bigode icônico do artista que é considerado do rosto do surrealismo, tem uma fonte rica de controvérsias.

Dalí se posicionava como um artista apolítico, mas seu fascínio pelo Führer é de fato indiscutível. 

A obra que mais chama a atenção é O Enigma de Hitler, de 1938, que mostra uma pequena fotografia do ditador num prato acompanhado de grãos de feijão. 

O Enigma de Hitler | Obra: Salvador Dalí

Depois veio 1958 e a Metamorfose do rosto de Hitler em uma paisagem ao luar com acompanhamento, onde o retrato do líder nazista é disfarçado em uma paisagem.

E depois 1973, com Hitler Masturbandose (Hitler se masturbando, em tradução livre) que alimentou ainda mais a polêmica. O autor também chegou a dizer que “sonhava com Hitler enquanto outros homens sonhavam com mulheres”.

Simpatia pelo regime opressor, uma representação de seus desejos sexuais inconscientes ou apenas marketing? 

“Para ele, a verdade histórica não tinha importância. A sua vida secreta é uma coleção de meias verdades escritas por ele mesmo para despistar seus biógrafos”, assegura Ian Gibson, autor da biografia The Shameful Life of Salvador Dalí

Segundo Gibson, Dalí era um revolucionário e, ao mesmo tempo, um individualista terrível. Quando a Guerra Civil espanhola teve início, o artista viajou para os Estados Unidos onde permaneceu até 1948. 

“É difícil saber se o pintor foi um franquista convicto. À sua maneira, admirava Franco por conseguir impor controle e ordem”, comenta o biógrafo.

George Orwell, que viajou para a Espanha para lutar com os republicanos durante a Guerra Civil Espanhola, também não gostava de Dalí. O debate sobre artistas cancelados, apesar de parecer atual, não era menos espinhoso há 76 anos, quando o escritor britânico confrontou o estranho caso de Salvador Dalí.

Ao revisar a autobiografia do artista, Orwell ficou horrorizado com o seu caráter. “Um bom desenhista e um ser humano repugnante”. As informações são do Canal Meio. 

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