Produtora de Campos narra os marcos da escravidão em documentário do Sesc Brasil

Entre as lendas ainda presentes na historiografia campista, uma delas causa um incômodo especial entre estudiosos: a de que Campos foi a última cidade do Brasil e abolir a escravidão. Esta e outras questões – incluindo marcos escravagistas pouco valorizados pela população e pelo poder público – estão no cerne do documentário “Memória e resistência afrodiaspórica em Campos dos Goytacazes”, um projeto do SESC Brasil realizado em várias cidades brasileiras, e que teve como única representante fluminense a produtora campista Arco. O projeto faz parte das comemorações pelo Mês da Consciência Negra.
O documentário passa por alguns marcos históricos da escravidão em Campos, como a Sociedade Musical Lyra de Apolo, um dos epicentros do movimento abolicionista; e o Baobá, árvore de origem africana e símbolo de resistência da luta dos negros no Brasil.

Hoje sem qualquer placa em referência a sua importância histórica, ela foi plantada às margens do Canal Campos-Macaé, um dos maiores canais artificiais do mundo erguido com força de mão de obra escrava. Há ainda curiosidades sobre outros locais de rotina da cidade, como o entorno da Praça São Salvador até a Faculdade de Filosofia de Campos, onde se formou o primeiro cemitério do município.

“A cena dos instrumentos de tortura é das mais pesadas, pois ficamos frente a frente com a crueldade daqueles tempos. Também chama atenção o fato de que onde hoje é a Faculdade de Medicina, no passado era um cemitério onde também eram enterrados escravos. E como disse uma das entrevistadas, é irônico perceber que hoje há pouquíssimos negros nos bancos das universidades, enquanto os médicos formados ali estudam cadáveres de indigentes que, na maioria das vezes, são de negros”, destacou o jornalista Hugo Soares, apresentador e editor do documentário.
Curiosidades da escravidão em Campos 
Participam do estudo a pesquisadora e socióloga Simone Pedro, autora justamente de um mapa com marcos pouco conhecidos da escravidão em Campos; a historiadora Graziela Escocard, diretora do Museu Histórico Nacional; e Rafaela Machado, diretora do Arquivo Público Municipal Waldir Pinto de Carvalho, cujos estudos revelaram provas da insurreição negra e descartaram, de forma definitiva, a tese de que Campos foi um dos últimos locais a abolir a escravidão.
Os documentos também revelam o protagonismo dos negros no processo de abolição, inclusive ateando fogo em canaviais. Outra história curiosa é a do escravo que aprendeu a ler e comprava o Monitor Campista para fazer leituras particularizadas aos demais escravos. Num dia, ele inventou que a escravidão já havia sido abolida no Brasil, de modo a provocar uma rebelião na senzala.
O vídeo tem pouco mais de 10 minutos, e foi realizado pelo jornalista Hugo Soares, apresentador e editor de texto do documentário; o também jornalista Felipe Sáles, responsável pelo roteiro e edição de texto; e por Eduardo Hypólito, cinegrafista e editor de vídeo.
O vídeo tem pouco mais de 10 minutos, e foi realizado pelo jornalista Hugo Soares, apresentador e editor de texto do documentário; o também jornalista Felipe Sáles, responsável pelo roteiro e edição de texto; e por Eduardo Hypólito, cinegrafista e editor de vídeo.
O projeto “Memória e Patrimônio”, do SESC Brasil, realizou uma série de documentários e debates sobre o assunto neste mês da consciência negra. Entre as cidades representadas em pesquisas e vídeos estão Florianópolis, em Santa Catarina, Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, e Belém, no Pará. A produtora Arco foi a única representante fluminense no projeto. Todos os vídeos estão disponíveis gratuitamente no canal do SESC Brasil no YouTube.
SERVIÇO: 
– Arco: https://www.instagram.com/arcodoc/
Equipe: Felipe Sáles, Hugo Soares e Eduardo Hypolito
– Memória e resistência afrodiaspórica em Campos dos Goytacazes
Tempo: 10m58
Assista: https://www.youtube.com/watch?v=SQTgQN0uZs8
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