Livro reforça a importância da representatividade das Mulheres Quilombolas

"Mulheres Quilombolas: territórios de existências negras femininas", foi lançado oficialmente nesta quinta-feira (24), no espaço Feminismos Plurais, em São Paulo

“Quero afirmar que através destes livros nós estamos levando para as escolas a educação antirracista. Será um novo contexto, já que, a única coisa que temos nos livros didáticos sobre os negros é a escravidão. É por meio da educação que vamos acabar com o racismo estrutural e criar o respeito da sociedade à população negra e quilombola”, afirma Sandra Maria da Silva Andrade, do Quilombo Carrapatos da Tabatinga, em Bom Despacho, Minas Gerais.

A obra tem coordenação da filósofa, feminista negra, escritora e acadêmica brasileira, Djamila Ribeiro. Na organização, a coordenadora estadual das Comunidades Quilombolas do Espírito Santo – Zacimba Gaba, Selma dos Santos Dealdina.

Para a organizadora, o mercado literário inviabiliza os escritores negros, principalmente as mulheres negras. “A Djamila proporciona para o Brasil um olhar para a literatura negra que não tínhamos nos atentado. Falar de racismo estrutural só é possível por causa da visibilidade que ela proporcionou”, aponta.

Selma também faz parte do Coletivo de Mulheres da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas – Conaq.

O setor literário brasileiro produziu 391 milhões de exemplares – sendo 84% reimpressões – de 48 mil títulos. Os dados são resultados das pesquisas Produção e Vendas – PeV e Conteúdo Digital do Setor Editorial Brasileiro, realizada em 2021.

“O imaginário racista está presente na sociedade brasileira. As pessoas acreditam que nós, autoras negras, escrevemos só para nós, mas não, escrevemos para todos”, afirma Gessiane Nazário, do Quilombo da Rasa, em Armação dos Búzios, no Rio de Janeiro.

Gessiane escreveu outro livro chamado “Revolta do Cachimbo: a luta pela terra no Quilombo da Caveira”, que será lançado em Cabo Frio, Rio de Janeiro.

Valéria Pôrto dos Santos, do Quilombo Pau D’arco e Parateca, em Malhada, Bahia, explica que o ‘aquilombar-se’ é importante para combater o racismo no Brasil. “O aquilombamento é um processo de retomada do nosso povo. Aquilombar é mostrar a diversidade e o que nós produzimos. Assim, podemos contribuir para uma sociedade melhor e menos racista”, diz Valéria.

Capa do livro “Mulheres Quilombolas: territórios de existências negras femininas”, com selo Sueli Carneiro e produção da editora Jandaíra./Foto: Rodrigo Trevisan

Sinônimo de resistência

Para Djamila, o livro aborda o sinônimo de força e representatividade. “O resultado foi muito bonito porque traz o protagonismo dessas mulheres. É a primeira obra no Brasil publicada e organizada por quilombolas com um selo coordenado por uma mulher negra, a Sueli Carneiro. A importância desse livro está em mostrar a nossa pluralidade e trazer pessoas de outras regiões do país, afinal temos uma lógica muito sudeste. Na coleção temos autoras da Bahia, Piauí, Pará, Pernambuco e outros lugares”, ressalta.

As informações são da CNN.

Sair da versão mobile