Documentarista apresenta detalhes bizarros da ‘família mais incestuosa dos EUA’

Os Whittaker, que se comunicam algumas vezes através de urros e grunhidos, sofrem de diversas doenças autossômicas dominantes por conta de casamentos consanguíneos

O documentarista e fotógrafo Mark Laita quebrou um paradigma na mente de muita gente que tinha na família Targaryen de ‘Game of Thrones’ e ‘House of The Dragon’ os representantes máximos da prática de casamento consanguíneo.

Ao apresentar para o mundo a família Whittaker por suas lentes, ele mostrou como a prática, considerada crime em alguns países, pode acarretar em danos severos à saúde dos descendentes dessas relações.

À primeira vista, a família americana seria o que o imaginário pop aponta para famílias seitas religiosa retratadas de forma caricatural em diversas produções de terror. Contudo, Laita jogou luz sobre essas figuras folclóricas, mostrando que elas são mais reais do que muitas pessoas imaginam.

No caso dos Whittaker – que ficaram conhecidos como “a família mais consanguínea da América” – seus embros se comunicam apenas por grunhidos e latem para os transeuntes. “Estava fora de controle – a coisa mais louca que eu já vi”, revelou o documentarista no podcast Konkrete.

Em 2009, durante seu primeiro encontro com o inusitado clã, em Odd, Virginia Ocidental, mostrou a intimidade das pessoas que faziam parte de uma população local de apenas 779 pessoas. Ele lançou o livro “Created Equal” – e mais recentemente, no ano passado, lançou um vídeo mostrando a reunião com os membros sobreviventes do grupo.

A família Whittaker — Foto: reprodução/YouTube

A experiência também é relatada por Laita no podcast ‘Soft White Underbelly’, que é descrito como sendo um canal de “entrevistas e retratos da condição humana”. Lá ele fala sobre os Whittaker ainda vivos – os irmãos Betty, Lorraine e Ray, o primo Timmy, depois que seu irmão Freddie morreu de ataque cardíaco. No entanto, há relatos de uma irmã não identificada e outros membros da família que Laita nunca conheceu. Dos três parentes restantes, apenas Timmy se formou no ensino médio.

Em sua primeira visita à família, o documentarista foi ameaçado por um vizinho armado, que aparentemente pretendia defender a privacidade do grupo. “Eles não gostam que as pessoas venham ridicularizar essas pessoas”, disse Laita, que acabou sendo autorizado a tirar fotos, apesar da desconfiança inicial.

Laita comparou o que encontrou a algo saído do filme ‘Amargo Pesadelo’ (1972), longa indicado a três Oscars estrelado por Jon Voight e Burt Reynolds. “Tem essas pessoas andando por aí e seus olhos estão indo em direções diferentes e eles estão latindo para nós”, lembrou.

“Aquele cara que você olhava nos olhos dele ou dizia qualquer coisa e ele gritava e ia fugindo e suas calças caíam nos tornozelos e ele saía correndo e chutava a lata de lixo. Isso aconteceria repetidamente”, contou o fotógrafo.

A família tem um histórico complicado envolvendo incesto, com relatos iniciais afirmando que a mãe e o pai já falecidos dos três irmãos eram irmão e irmã. A família mais tarde esclareceu que eles eram primos de primeiro grau duplos – o que significa que eles compartilham os dois pares de avós. O conceito de incesto não engloba todas relações ocorridas entre parentes.

E a prática de uniões consanguíneas levou os Whittaker a desenvolver uma série de transtornos mentais e físicos advindos de doenças autossômicas dominantes, que se tornam cada vez mais comuns em relações de pessoas com o DNA semelhante.

“Eles entendem do que você está falando”, disse um parente a Laita. “Se eles não gostarem, eles começam a gritar – deixe você saber que eles não gostam dessa ideia”, continuou

De acordo com o Thought.Co, um centro de “conteúdo educacional criado por especialistas”, a endogamia pode levar a uma série de efeitos colaterais, desde tamanho adulto menor e fertilidade reduzida até um risco aumentado de doenças genéticas.

A família Whittaker — Foto: reprodução/YouTube

Aparentemente, os Whittaker desconheciam os riscos de relações consanguíneas. Ao questionar o clã pelo grave estrabismo que acometia grande parte da família, Laita recebeu como justificativa para a característica a mineração de carvão.

Alguns outros documentaristas acusam Laita de explorar as deficiências dos Whittaker, que perpetuaria o estereótipo da endogamia, algo que existiria na região dos Apalaches há décadas. Mas o fotógrafo se defende, dizendo que os retratou para mostra o “nível de pobreza” que eles enfrentavam.

Desde então, o fotógrafo criou um GoFundMe para ajudar o clã com “despesas de vida e melhorias na casa”, arrecadando quase US$ 50.000 de sua meta de US$ 75.000.

Com informações da Monet.

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