Cantora lírica do DF é aprovada em uma das mais tradicionais escolas de música dos EUA

A soprano brasiliense Manuela Korossy, de 19 anos, está perto de realizar o sonho de estudar em um dos maiores conservatórios de música do mundo: a Juilliard School, em Nova York, no Estados Unidos. Ela é a primeira cantora lírica brasileira a conseguir uma bolsa de estudos de 90% dos custos da graduação em música na universidade. As aulas começam em setembro.

Manuela foi selecionada entre mais de 400 candidatos do mundo todo. Para o curso de música foram chamados 10 alunos. Desses, além da brasiliense, cinco também são estrangeiros, e quatro são dos Estados Unidos.

As experiências com o canto começaram cedo na vida de Manuela. “Desde muito pequena, meus pais identificaram que eu tinha facilidade com alguns instrumentos, com percepção musical, e me matricularam em um projeto de musicalização infantil na UnB, quando eu tinha 7 anos”, conta a jovem.

A cantora lírica chegou a estudar piano na Escola de Música de Brasília, uma das mais tradicionais da cidade, mas acabou se encantando pela ópera, por envolver técnicas como habilidades de canto e palco. “Iniciei um curso de piano na Escola de Música, mas sempre tive uma veia para as artes performáticas mais do que para instrumento”, explica.

“Não só a música clássica, a performance de palco também me fascina muito. Eu já dançava balé clássico quando era criança. Além da música, na ópera tem muita essa questão da interpretação porque é um teatro cantado. Então, sempre foi um universo meio fantástico para mim. Eu sempre quis trabalhar com performance”, afirma Manuela.

Carreira na ópera
Foi aos 11 anos, em uma participação no coro lírico infantil de uma apresentação da ópera Carmem, no Festival de Ópera do Teatro Nacional, que Manuela teve a certeza de que queria seguir a carreira de cantora lírica. “Foi a primeira vez que participei de uma montagem de ópera profissional, e essa experiência me fez decidir que queria seguir carreira na ópera”, conta.

Aos 15 anos, Manuela fez prova para o curso básico de canto e foi aprovada. Depois de três meses de curso, a jovem decidiu fazer a prova para um nível superior e passou para o curso técnico, que ela também não chegou a concluir, porque foi aceita na Universidade de Brasília (UnB).

O caminho para a Julliard começou por meio das redes sociais. Durante a pandemia, Manuela fez aulas online com a professora Rachel Willis Sorensen e foi procurada por uma das outras alunas, que a aconselhou a se candidatar à escola norte-americana.

A partir daquele momento, “foi uma correria para preparar o repertório”. Manuela teve a ajuda das professoras de Brasília Vilma Bittencourt e Irene Bentley, do norte-americano Darrell Babidge, professor na Julliard, e fez aulas com o professor Franklin Sagredo Martinis, que mora em Bruxelas.

Ela gravou peças do maestro Claudio Santoro, de Johann Sebastian Bach, Edward Elgar e Georg Friedrich Haendel. “Mandei [vídeos], morrendo de medo, mas chegou a notícia de que eu tinha passado”, conta. A segunda etapa foi um vídeo gravado no estúdio da UnB.

Para a jovem, a terceira etapa foi o momento mais desafiador. Manuela ainda estava em fase de recuperação após ser diagnosticada com Covid-19. “Achei que não teria sintomas, mas tive dor de garganta e outros que afetaram a capacidade respiratória”, explica.

A cantora precisou de um acompanhamento fonoaudiológico no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), unidade pública de saúde do DF. E, com a ajuda dos professores, realizou a prova e foi aceita.

Julliard School
Fundada em 1905, a Julliard School está localizada no centro de Manhattan, próximo a lugares de muita expressão para a música clássica mundial como o Metropolitan Opera House e o Balé de Nova York.

Atualmente, a instituição tem 800 alunos, oriundos de 42 países e regiões, que foram estudantes de dança, drama (atuação e dramaturgia) e música (clássica, jazz, performance histórica e artes vocais).

As informações são do G1.

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