Vereadores da bancada negra de Porto Alegre registram boletim de ocorrência após ameaças de morte

Vereadores integrantes da bancada negra na Câmara Municipal de Porto Alegre abriram, nesta terça-feira (7), um boletim de ocorrência por conta de ameaças de morte enviadas por e-mail na segunda (6).

Segundo informações do g1, o caso foi registrado na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informáticos, contudo, a investigação será feita pela Delegacia de Combate à Intolerância, sob titularidade da delegada Andréa Mattos.

As vereadoras Laura Sito (PT), Daiana Santos (PCdoB) e Karen Santos (PSOL) são mencionadas no e-mail. Além das ameaças de morte, a pessoa faz ofensas de teor racial, de gênero e sexualidade, bem como ataques ao Legislativo municipal.

“Nós não vamos silenciar frente ao crescente ódio e intolerância que tomam conta do Brasil e que tentam cercear democraticamente a participação dos vereadores negros e negras e LGBTs pelo país afora”, disse Sito.

A vereadora Daiana Santos diz que o texto menciona detalhes da rotina dos parlamentares na Câmara e de sua vida pessoal.

“Quando relatam fato da minha vida pessoal, como a minha orientação, eu não posso ficar silenciada”, afirmou.

Além das três vereadoras, a bancada negra é composta por Bruna Rodrigues (PCdoB) e Matheus Gomes (PSOL), que também registrou a ocorrência.

O grupo solicitou à presidência providências sobre a segurança da Câmara, observando protocolos de acesso ao estacionamento e ao prédio, manutenção de rondas, reforço na segurança dos ameaçados e protocolos de dados.

Histórico

Nas eleições de 2020, Porto Alegre elegeu cinco vereadores negros, quando tinha apenas uma até então, a reeleita Karen Santos.

Antes mesmo de assumirem, os parlamentares foram alvos de comentários o então vereador e candidato derrotado à Prefeitura, Valter Nagelstein (PSD), que disse que os eleitos “muitos deles, jovens, negros” não teriam “nenhuma tradição política, sem nenhuma experiência, sem nenhum trabalho e com pouquíssima qualificação formal”. O político, que alega inocência e diz que acredita na Justiça, é réu por racismo após denúncia do Ministério Público.

Em janeiro, o vereador Matheus Gomes registrou ocorrência por ameaças sofridas após um protesto contra o hino do RS, acusado de possuir um verso racista.

Já em outubro, durante uma sessão da Câmara, uma manifestante se dirigiu à vereadora Bruna Rodrigues e a chamou de “empregada”. Os vereadores também registraram o caso na polícia.

Sair da versão mobile