Usina Nova Canabrava supera incertezas do mercado

Usina Nova Canabrava - Campos-RJ

Unidade industrial da usina Nova Canabrava | Foto: Reprodução

A forte queda na demanda por combustível está afetando as indústrias sucroalcooleiras, o que leva especialistas do setor a estimarem que um quarto das empresas do setor deverão encerrar as atividades este ano. As indústrias não têm capital de giro para pagar as contas de curto prazo. 

A situação é um complicador para a economia interna do país, já que as usinas são fomentadoras de empregos sazonais.  

Dois fatores sufocam o setor: a pandemia do novo coronavírus e a crise que afeta a cotação do barril do petróleo. O etanol, que se tornou o principal produto neste segmento, tem a gasolina como referência. 

“São dois choques. A principal é a queda do consumo e, depois, a de preços”, diz Plínio Nastari, sócio da consultoria Datagro, em recente entrevista ao Estadão. 

No Estado do Rio, a Usina Nova Canabrava, na cidade de Campos (RJ), é a única indústria do setor sucroalcooleiro que iniciou a safra. A moagem na indústria começou no dia 16 de abril, gerando 1.500 empregos diretos e 2.000 empregos indiretos, com expectativa de processar 500 mil toneladas de cana até novembro deste ano. 

Especializada na produção de etanol, a usina passou a ter uma importância vital para o Norte Fluminense, especialmente a cidade de Campos (RJ), onde está localizada, porque o município enfrenta uma crise econômica e social sem precedentes. 

A usina em operação é um ponto fora da cura, se levar em conta que cerca de 350 usinas sucroalcooleiras em operação no país, vive uma incerteza com a cotação do álcool recuando de R$ 2 para R$ 1,30 o litro e a demanda caindo mais do que 50%, segundo dados da União da Indústria da Cana-de-açúcar (Única). 

Grupos mais capitalizados têm fôlego para armazenar sua produção de etanol e até mudar o mix da indústria, passando a produzir mais açúcar, para passar o momento mais agudo da crise.

Só que este não é o caso de quase uma centena de unidades produtoras, que não têm condições de estocar etanol — e acabam vendendo a baixos preços — e também não apresentam saúde financeira para aguentar os próximos meses. 

“Um quarto das empresas do setor vai passar por muita pressão para garantir sua sobrevivência”, avalia Pedro Fernandes, diretor de agronegócios do Itaú BBA, em entrevista ao Estadão. 

Na região Centro-Sul (Centro-Oeste, Sudeste e Sul), que concentra a maior parte da produção do país, a moagem de cana teve início em abril. Contudo, já há dúvidas se muitas empresas vão ter fôlego para continuar. 

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