Tradicional Hotel Maksoud Plaza fecha as portas em SP

Ícone do mercado hoteleiro paulistano, o Hotel Maksoud Plaza encerra de vez suas atividades nesta terça-feira, após 42 anos em operação. Assim que o último hóspede fizer o check out, pela manhã, a direção do hotel terá uma reunião com a equipe de 170 pessoas, para comunicar o fechamento do hotel e as demissões. As informações são da Valor Econômico.

Henry Maksoud Neto, CEO do Maksoud Plaza, disse que as demissões serão pagas regiamente e nenhuma dívida trabalhista nova será feita.

“O Maksoud deixa de existir nesse endereço, mas poderá existir em outros endereços no futuro”, afirmou o executivo. O grupo concluiu a venda do hotel por R$ 132 milhões. O recurso será usado para pagar parte das dívidas inscritas no processo de recuperação judicial, que somam R$ 300 milhões após passar por uma reestruturação. Outros ativos do grupo, com valor estimado em R$ 191 milhões, devem ser leiloados no ano que vem.

Em toda sua história, o Maksoud Plaza atendeu mais de 3 milhões de hóspedes. Entre nomes ilustres estão do cantor Frank Sinatra, que não só se hospedou, como fez três shows no salão nobre do hotel em 1981. O hotel também hospedou os príncipes Rainier e Albert, de Mônaco, a primeira-ministra da Grã-Bretanha, Margareth Thatcher, os Rolling Stones, Margareth Tatcher, Pedro Almodóvar e outros.

O prédio, localizado próximo à avenida Paulista, em São Paulo, será fechado e entregue aos empresários Jussara e Fernando Simões, irmãos e proprietários do Grupo JSL, do setor logístico, que assumem o imóvel a partir de 31 de dezembro. Os irmãos Simões vão pagar R$ 132 milhões ao grupo Maksoud, pondo fim a uma disputa que durou dez anos.

Em 2011, por causa de uma dívida trabalhista de R$ 13 milhões, o hotel Maksoud Plaza foi leiloado e arrematado por R$ 70 milhões pelos irmãos Simões. A Hidroservice, holding do grupo Maksoud, questionou a validade do leilão na Justiça por ter feito o depósito de R$ 13 milhões para pagar as dívidas trabalhistas. Após alguns recursos, o grupo conseguiu retomar o controle do hotel. A decisão ainda era questionada na Justiça, mas houve um acordo entre as partes, que desistiram dos recursos. Com isso, o arremate do imóvel será concluído, agora com o valor atualizado.

“Essa foi a solução encontrada para resolver a dívida do grupo. A dívida é muito grande e há muitas incertezas por conta da pandemia”, afirmou Maksoud Neto. O hotel chegou a ficar fechado por seis meses por causa da pandemia em 2020. Neste ano, houve recuperação do turismo. Mesmo assim, a taxa média de ocupação do hotel foi de 20%, segundo o executivo. Ele disse que o hotel tem um “pequeno caixa”, suficiente para encerrar as atividades e cumprir o plano de recuperação judicial.

.O plano  foi aprovado em junho deste ano por 96,18% dos credores em assembleia. O grupo Maksoud, formado por HM Hotéis (Maksoud Plaza), Hidroservice (holding) e suas controladas Manaus Hotéis e Turismo e HSBX Bauru Empreendimentos, pediu recuperação judicial em setembro de 2020.

O passivo total é de R$ 845 milhões, dos quais R$ 110 milhões entraram na recuperação judicial. Após negociações com os credores, o valor do passivo total foi reduzido para R$ 300 milhões. A dívida fiscal foi reduzida de R$ 420 milhões para R$ 170 milhões. A dívida concursal baixou de R$ 110 milhões para R$ 60 milhões. Os outros R$ 315 milhões referem-se à passivos prescritos ou que estão em discussão na Justiça.

De acordo com Maksoud Neto, o plano aprovado prevê o pagamento da dívida concursal em 23 anos, com três anos de carência e a dívida fiscal em dez anos. A dívida trabalhista será paga em 12 meses, sendo que as três primeiras parcelas já foram pagas.

O grupo também possui R$ 191 milhões em ativos, que foram divididos em duas Unidades Produtivas Isoladas (UPIs). A lista inclui imóveis em Bauru, São Paulo, Manaus, terrenos, entre outros. As UPIs devem ir a leilão no primeiro semestre de 2022. Com o certame e a venda do Hotel Maksoud, o grupo espera angariar R$ 323 milhões, suficientes para pagar as dívidas.

Maksoud Neto disse que, após a venda do hotel, o plano é prestar consultoria para o setor hoteleiro, e buscar novos usos para a marca Maksoud Plaza. “A marca é nosso maior ativo, é conhecida por três gerações. Estamos fazendo um planejamento estratégico para extensão de uso da marca”, afirmou, acrescentando que mantém conversas com construtoras, mas prefere manter os nomes em sigilo.

Enquanto o grupo caminha para pagar seu passivo, os herdeiros do fundador, Henry Maksoud, aguardam solução para a partilha de bens.

Quando morreu, em 2014, o empresário legou o hotel ao neto e à sua segunda esposa, Georgina Célia. Os filhos de Henry, Claudio e Roberto contestaram a divisão dos bens na justiça. O inventário está em aberto porque a juíza responsável preferiu aguardar a conclusão da recuperação judicial. Após a recuperação judicial, os herdeiros terão direito a participações na HM Hotéis proporcionais ao previsto no testamento.

 

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