Saiba como evitar ‘golpe da maquininha’ que fez casal pagar R$ 1.016 por bandeja de ovos

Especialista dá dicas de como evitar o crime e como proceder caso tenha se tornado uma vítima

O “golpe da maquininha”, que faz vítimas diariamente, ganhou repercussão em Guarujá, no litoral de São Paulo. Desta vez, um casal pagou R$ 1.016 por uma bandeja de ovos que custava R$16. Para orientar e evitar que mais pessoas sejam enganadas, o g1 conversou com um especialista que deu dicas de como evitar o crime e como proceder caso o golpe tenha sido aplicado.

De acordo com o advogado Miguel Carvalho Batista, o golpe é considerado crime de estelionato e as vítimas podem pedir a restituição dos valores ao banco.

Saiba como se proteger e o que fazer caso caia no golpe

Para não ser vítima do crime, uma dica interessante é que o consumidor deixe sempre o celular habilitado para receber notificações de transações feitas com o cartão, seja mediante uso de senha ou por aproximação. Assim, se algo acontecer, ele logo saberá.
Fique atento às condições físicas da máquina. Visores quebrados que impossibilitam a leitura não devem ser aceitos. De acordo com Batista, a maioria dos golpes está associada a não leitura do visor pelo consumidor, e não às adulterações da máquina.
Sempre verifique e confira as informações antes de aceitar a transação. Não digite a senha se o valor não estiver correto ou se não puder ver antes o que está sendo pago. E, em todas as situações, se tiver dúvidas, melhor que não realize o pagamento.
Para evitar prejuízos, o consumidor deve selecionar pessoas e empresas idôneas.
Para os consumidores que já caíram em algum tipo de golpe, estes devem entrar em contato com o banco e relatar o ocorrido.
É importante que o consumidor registre um boletim de ocorrência para comunicar o crime de estelionato. A instituição bancária terá que abrir um processo de contestação de compra.
Segundo o Código de Defesa do Consumidor, em razão da fraude, o banco terá que restituir o valor. Se não o fizer, o consumidor poderá registrar a reclamação na Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) ou nos sistemas eletrônicos de registros de reclamações públicos, como o consumidor.gov.br ou até recorrer à Justiça.

Sobre o caso

Um casal pagou R$1.016 por uma bandeja de ovos que custava R$16, na Vila Santa Rosa, em Guarujá, no litoral de São Paulo. Ao g1, a mulher, que preferiu não ser identificada, disse que, por causa da situação, não teve coragem de comer os ovos. “Eu não comi o ovo. Fiquei desesperada. Já não confio em mais nada da pessoa”.

Em imagens obtidas pelo g1, é possível ver um dos vendedores mancando em direção ao carro branco e entrando no veículo, que seguiu devagar pela rua.

A vítima disse que não costuma comprar nada na porta de casa, mas escutou o veículo anunciando os ovos e pediu para o marido comprar os produtos. “Ele chamou o rapaz, que veio. O vendedor não parou [com o carro] em frente à minha casa porque tem câmera”.

De acordo com a mulher, o vendedor perguntou qual a forma de pagamento e o marido respondeu que seria por aproximação, mas o rapaz disse que não passava. A vítima, portanto, disse que colocaria a senha. O criminoso digitou R$16 na máquina e mostrou para o homem, que deu sequência à compra.

“Aí ele [vendedor] falou que não estava passando. Trocaram a máquina e ficaram conversando sobre o carro, [quando o marido] colocou o cartão na outra maquininha e digitou a senha”.

Segundo o boletim de ocorrência, o criminoso apresentou uma nova máquina de cartão com problemas no visor, mas, mesmo assim, a senha foi digitada. Só depois as vítimas se deram conta do golpe.

Golpe descoberto

A mulher explica que só percebeu o golpe minutos depois, quando o filho comentou que a vizinha estava esperando o carro do ovo retornar. O vendedor disse que daria uma volta no quarteirão.

“Perguntei se meu marido pegou a notinha, mas ele falou que não, que [o vendedor] não tinha dado. Fui olhar no meu extrato e percebi que o homem levou R$ 1 mil a mais. Saímos procurando por eles [golpistas], mas não encontramos”, conta.

De acordo com a vítima, o marido ligou para amigos policiais e, segundo eles, por volta de 13h40 o carro foi avistado por um radar de inteligência em Praia Grande, onde eles teriam aplicado o golpe em outra vítima.

Câmera de monitoramento registrou o carro usado no golpe do ovo em Guarujá, no litoral de SP — Foto: Arquivo Pessoal

A mulher acionou o banco e foi informada que o valor será ressarcido em sete dias. A instituição financeira, no entanto, disse a ela que vai realizar uma investigação sobre o caso e, se não for comprovado o golpe, o dinheiro poderá ser retirado da conta.

Em nota, o Itaú Unibanco informa que já está em contato com a cliente para que o caso seja rapidamente resolvido. “O Itaú reforça que, ao ser vítima de golpes ou fraudes em que o próprio cliente digita a senha pessoal e transfere valores aos golpistas, é necessário contatar imediatamente o banco para bloqueio temporário de senhas, produtos ou serviços e para que seja possível realizar o procedimento de tentativa de bloqueio do valor na conta favorecida”.

A instituição destaca que “a possibilidade de devolução dos recursos depende da avaliação individualizada de cada caso, da tempestividade na comunicação pelo cliente e da disponibilidade do saldo na conta favorecida”.

Por fim, o banco recomenda que o cliente faça o registro de boletim de ocorrência para que as autoridades competentes possam tomar as medidas necessárias. O caso ocorreu na última segunda-feira (16) e foi registrado como estelionato na Delegacia de Guarujá.

 

Sair da versão mobile