Saiba como agiram bolsonaristas, esquerda e apoiadores de Moro nas redes após áudios de Arthur do Val sobre guerra na Ucrânia

Em meio ao amplo repúdio gerado pelos áudios de teor sexista gravados pelo deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP), conhecido como “Mamãe Falei”, perfis ligados ao campo do bolsonarismo rivalizaram com o campo da esquerda na repercussão alcançada pelo assunto no Twitter.

A reação teve início, na noite de sexta-feira, após virem à tona os áudios nos quais Do Val se refere às mulheres ucranianas de forma pejorativa, dizendo que ela seriam “fáceis porque são pobres”, em meio à catástrofe humanitária da guerra promovida pela Rússia na Ucrânia.

Levantamento da consultoria Arquimedes para o GLOBO também aponta que houve uma reação tardia de apoiadores do ex-ministro e atual presidenciável Sergio Moro (Podemos), que havia acertado uma aliança eleitoral com Do Val e com seu grupo, o Movimento Brasil Livre (MBL). Com isso, o grupo acabou relegado a um espaço menor no debate virtual, que se deu majoritariamente em tom de crítica ao deputado.

Entre sexta e sábado, perfis bolsonaristas dominaram quase 40% do debate na rede social, de acordo com mapeamento da consultoria. A hashtag #MamaeFaleiCassado, que chegou a mais de 27 mil publicações e foi a de maior destaque sobre o tema, partiu de um perfil com poucos seguidores que se integra à rede bolsonarista. No domingo, um grupo de deputados apresentou pedido de cassação do mandato parlamentar de Do Val.

A hashtag em questão também apareceu em tweets com alto número de interações tanto na rede bolsonarista, caso do blogueiro Leandro Ruschel, quanto na rede petista, caso da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.

No total, o levantamento identificou 601 mil publicações até a noite de sábado. O campo progressista e da esquerda, que costuma travar embates virtuais com o MBL desde o surgimento do grupo, em 2014, respondeu por 55% das manifestações sobre os áudios gravados por Do Val.

MORO FICA ISOLADO

O grupo de apoiadores de Moro, que respondeu por 6% das menções ao assunto, organizou-se principalmente em torno de uma postagem do ex-juiz, na noite de sexta, condenando os áudios e anunciando o rompimento com Do Val. Na avaliação do diretor da Arquimedes, Pedro Bruzzi, a base de apoiadores de Moro conseguiu esboçar uma defesa a seu posicionamento, algo que não ocorreu na postagem do MBL sobre o assunto — que, embora com respostas desabilitadas, recebeu uma série de retweets com comentários, majoritariamente negativos.

Bruzzi observa, porém, que o presidenciável acabou mesmo assim virando alvo de outros grupos, por conta da aliança que havia sido acertada previamente com Do Val, e se viu isolado nas redes.

— O MBL vem tendo dificuldades nas redes e não é de hoje. Houve dificuldade para encontrar seu espaço depois do afastamento em relação ao bolsonarismo, já que os apoiadores de Bolsonaro agiram para não deixar caminho livre ao MBL nas redes, para evitar que recuperassem a audiência de outros tempos. E o agravante para o MBL é a sequência de episódios que, embora não tenham alcançado uma repercussão tão grave quanto este, também repercutiram mal — afirmou Bruzzi.

Há cerca de um mês, o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), outro dos principais líderes do MBL, havia sido alvo de críticas nas redes — com forte atuação de perfis bolsonaristas — por argumentar que a Alemanha teria cometido um erro ao criminalizar o partido nazista.

As informações são do Extra.

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