Rotavírus: infecção que mata 200 mil crianças por ano no país pode ser evitada com vacinação

Imunizante contra a doença causadora de diarreia está disponível nas redes pública e privada

Um dos maiores responsáveis pelas internações por diarreia nos hospitais brasileiros, o rotavírus é ainda a principal causa de morte em crianças até 5 anos no país. Mesmo com dois tipos de vacina disponível, nas redes pública e privada, quedas contínuas na cobertura vacinal desde 2017 têm alertado especialistas para um possível aumento no número de casos e óbitos devido à doença.

Estima-se que cerca de 200 mil morram anualmente pela infecção no Brasil. O rotavírus está presente principalmente em países em desenvolvimento. A forma clássica da doença, mais comum entre bebês de 6 meses a 2 anos, é caracterizada por manifestações abruptas de vômito e diarreia que se não forem cuidadas podem resultar em desidratação fatal.

É uma condição que pode afetar adultos também em qualquer idade, porém, de forma mais leve. No período neonatal, até os 4 meses, o bebê também pode se infectar com o vírus, mas geralmente o rotavírus é assintomático.

A infecção por rotavírus pode durar até uma semana, pois o vírus se replica no organismo. Os sintomas costumam demorar mais para passar do que nos casos de intoxicação alimentar, por exemplo.

Vacina

A vacinação é extremamente importante para promover a resposta imunológica da criança e protegê-la contra a doença. Porém, para receber a aplicação, a janela de tempo deve ser seguida à risca, por conta do tempo de ação imunizante. A proteção precisa ser iniciada na criança até os 3 meses e 15 dias e finalizada no máximo nos 7 meses e 29 dias. Não é indicado começar ou terminar o esquema vacinal depois desse período.

A pesquisadora Patrícia Vanderborght, doutora em biologia molecular pela Fiocruz, explica que existem dois tipos de vacina, ambas orais e atenuadas, com o vírus vivo. Uma delas é utilizada no Sistema Único de Saúde (SUS) e protege contra um tipo de rotavírus. O esquema vacinal dela consiste em duas doses. A primeira deve ser aplicada nos dois primeiros meses e a segunda aos quatro meses de vida.

— Já a outra, disponibilizada em clínicas particulares, é chamada de pentavalente, pois protege contra cinco tipos do vírus. O esquema vacinal é um pouco mais longo, com três doses. A primeira aplicação deve ser tomada aos dois meses, a segunda aos quatro e a terceira aos seis meses — explica Vanderborght, que também é gerente de imunização humana do laboratório Richet na Rede D’Or.

Os especialistas garantem que ambas as formulações têm a eficácia semelhante e são igualmente indicadas. Como todas as outras vacinas, existem efeitos adversos, como vômito, diarreia e febre.

É importante ressaltar que o imunizante não é recomendado para crianças imunossuprimidas, com HIV ou que estejam em processo quimioterápico. Nesses casos, é importante conversar com um médico especialista para saber se é possível tomar a vacina.

Transmissão

O rotavírus é transmitido pela via fecal-oral, por contato pessoa a pessoa, por meio de água e alimentos contaminados, por objetos contaminados e provavelmente por propagação aérea, via aerossóis. É encontrado principalmente, e em alta concentração, nas fezes das crianças contaminadas.

Como forma de prevenção, além da imunização completa, é sempre manter uma boa higiene. Ou seja, lavar as mãos antes e após utilizar o banheiro, trocar fraldas, manipular/preparar alimentos, amamentar e tocar em animais.

É necessário também lavar e desinfetar as superfícies, utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos; guardar a água tratada em vasilhas limpas e de boca estreita para evitar a recontaminação; não utilizar água de riachos, rios, caçambas ou poços contaminados; ensacar e manter a tampa do lixo sempre fechada.

Manter o aleitamento materno também é um modo de prevenção, pois auxilia na passagem de anticorpos para o bebê e aumenta a resistência das crianças contra vírus. No surgimento dos primeiros sintomas, é importante sempre procurar um médico para iniciar o tratamento, evitando o agravamento da doença.

Com informações do Jornal O GLOBO.

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