Quadrilha que aplicava “Golpe da Covid” escolhia vítimas por fotos em aplicativo

A quadrilha que aplicava o “golpe da Covid”, para roubar dados dos moradores da região de Sorocaba (SP) e também da capital paulista, escolhia as vítimas pelas fotos de perfil de um aplicativo de mensagens, segundo o delegado Rodrigo Ayres.

“Pudemos notar que eles faziam uma análise prévia de quem seriam as pessoas que eles fariam contato. Eles se preocupavam muito em razão da foto do perfil, porque muitas vezes ela já traz informações. Às vezes a pessoa está com um jaleco de médico com o nome, até o CRM ali. Isso traz informações importantes para eles. Ou a pessoa está com o filho e a filha na foto do perfil e ele já sabe que a pessoa tem um filho e uma filha pra poder usar esse argumento no momento da aplicação do golpe”, explica.

Segundo policiais da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Sorocaba, os criminosos se passavam por agentes do Ministério da Saúde a abordavam os moradores em uma falsa pesquisa sobre a Covid. No total, mais de 50 pessoas foram vítimas do grupo.

Todos os documentos, celulares e computadores apreendidos no momento da prisão da quadrilha estão sendo analisados pelo setor de inteligência da Deic para descobrir outras pessoas envolvidas no golpe.

R$ 500 mil roubados

Parte do grupo foi presa no dia 13 de setembro. As investigações apontam que, usando o nome do Ministério da Saúde, quase R$ 500 mil já foram roubados pelos bandidos.

De acordo com as vítimas, que preferiram não ser identificadas, os golpistas faziam perguntas sobre o perfil da pessoa e, em seguida, enviavam números dizendo que eram protocolos de atendimento.

Porém, o que eles enviavam eram códigos que, uma vez compartilhados, permitiam acesso ao WhatsApp da vítima.

“Eles me perguntaram se eu já tinha pegado Covid, se alguém da minha família tinha, alguém na minha casa que tinha alguma comorbidade e de repente tinha pegado também. Eles perguntaram se a gente estava tomando todos os cuidados, usando máscara álcool em gel”, explica uma das vítimas.

Prisões

Os suspeitos de participar da quadrilha que roubava dados de moradores em Sorocaba e na capital usando o “golpe da Covid” tiveram a prisão preventiva decretada na quarta-feira (22).

Cinco pessoas foram presas em setembro. As prisões foram feitas no bairro de Itaquera, em São Paulo.

Diversos dispositivos eletrônicos e comprovantes das fraudes foram apreendidos. Os suspeitos permanecerão presos por tempo indeterminado para não atrapalharem as investigações.

Investigação

As investigações começaram há quatro meses em Sorocaba, quando algumas vítimas foram identificadas. A polícia informou que desarticulou tanto o núcleo operacional como o núcleo financeiro da associação criminosa.

Conforme a polícia, os criminosos se passavam por funcionários do Ministério da Saúde e diziam que estavam fazendo uma pesquisa sobre o novo coronavírus. O objetivo da ação era conseguir dados dos moradores abordados para clonar o WhatsApp deles.

Com isso, os criminosos pediam dinheiro em nome dos moradores para parentes e amigos. Segundo o delegado Rodrigo Ayres, o grupo usava várias contas bancárias para evitar que as transações fossem rastreadas.

Pesquisa oficial

O Ministério da Saúde começou a fazer, em maio deste ano, um estudo sobre a prevalência do novo coronavírus em 274 municípios por meio da coleta e análise de sangue de mais 211 mil pessoas. A pesquisa não está sendo realizada nas regiões de Sorocaba, Jundiaí e Itapetininga (SP).

O objetivo da PrevCOV é estimar quantas pessoas tiveram a Covid-19 no Brasil para compreender a doença e seus fatores de risco a fim de combatê-la e preveni-la.

Segundo a polícia, os criminosos estão aproveitando a pesquisa oficial para se passar por agentes da saúde e aplicar golpes. Saiba como não ser vítima do crime.

As informações são do g1.

 

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