Profissionais relatam abusos sexuais dentro de hospital e deboche de colegas

Três profissionais da saúde denunciaram um técnico de enfermagem por importunação sexual e estupro de vulnerável. Após relatarem os casos, elas foram alvo de julgamentos e até deboche no ambiente de trabalho. O caso foi relevado pelo g1.

O suspeito está preso. As vítimas acusam o técnico de enfermagem, de 46 anos, de ter tocado nelas enquanto dormiam durante o momento de descanso. Os crimes aconteceram em um hospital em Peruíbe, no litoral de São Paulo.

De acordo com o portal, os crimes aconteceram desde 2018 em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade litorânea. Enquanto as vítimas dormiam, o homem passa a mão nas partes íntimas delas. A Polícia Civil ainda verificou que o mesmo homem é investigado por abusar de uma adolescente de 14 anos, em 2018, que seria filha de uma ex-namorada.

Até o momento, cinco vítimas já se manifestaram. Três delas falaram com a TV Tribuna, afiliada da TV Globo. As mulheres relataram que a vida depois da denúncia foi muito difícil.

A primeira a fazer a denúncia, que resultou na prisão do técnico de enfermagem, contou que acordou pelo menos duas vezes sendo tocada pelo homem. “Agora, há pouco tempo, aconteceu um fato que eu vi, presenciei, ele passando a mão em outra colega de trabalho que dormia. Aí, eu vi que não pararia por ali, e imaginei que, da mesma forma que aconteceu comigo, com elas [colegas de trabalho], poderia acontecer com outras pessoas, até mesmo com pacientes”, contou.

Mesmo após cinco mulheres denunciarem o técnico de enfermagem, as vítimas foram desacreditadas e mal tratadas por colegas. “Estão me tratando hoje de forma diferente do que me tratavam antes, como se eu fosse culpada, como se eu tivesse cometido um crime”, relatou.

Outra vítima relatou que dormia em uma beliche, em uma sala dedicada ao descanso, e acordou com “alguma coisa na direção do meu seio, por baixo das minhas roupas, mexendo”.

“Eu comentei com uma colega, cheguei até depois a comentar com alguma enfermeira dali, só que o que me falaram foi o seguinte: ‘como é que você vai denunciar uma pessoa dessas, se você não tem uma prova? Você teria que ter uma prova para você poder falar, porque senão ele vai usar isso contra você, e acabar você sendo a vilã, e ele a vítima’”, lembrou em entrevista à TV Tribuna. “A notícia correu do acontecido, e as pessoas até tiravam sarro, brincavam, zoavam com o ocorrido. Isso me incomodava, mas, para as pessoas, era algo engraçado.”

Uma terceira vítima descreveu que tem tido uma rotina difícil no trabalho após as denúncias, ela se sente julgada e sente “olhares” e “cobranças” por parte dos colegas.

O suspeito foi detido no último sábado (4) e foi encaminhado para a Cadeira Pública de Peruíbe. Segundo o g1, ele ficará na detenção até o fim das investigações.

O caso corre sob segredo de justiça. A Secretaria Municipal de Saúde de Peruíbe afirmou ao portal que soube da denúncia no dia 3 de novembro e instaurou uma sindicância para apurar os fatos imediatamente. A pasta também declarou estar colaborando com as investigações da Polícia Civil.

Sair da versão mobile