Pix: de ‘sinal da besta’ a trilhões em operações e bandeira eleitoral de Bolsonaro

“Criamos o Pix, tirando dinheiro de banqueiros, fazendo com que a população pudesse se transformar, muitos, em pequenos empresários”, disse o presidente Jair Bolsonaro, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, na segunda-feira (22/08).

Primeiro dos quatro candidatos à Presidência que foi entrevistado nesta semana pelo jornal de maior audiência nacional, Bolsonaro aproveitou a audiência de milhões de brasileiros para repetir duas informações que têm sido contestadas. Uma é a de que seu governo seria o responsável pelo novo meio de pagamento gratuito e instantâneo, que já registrou mais de R$ 10 trilhões em transações desde o início da sua operação, em novembro de 2020. E outra é a de que o Pix teria causado grandes prejuízos aos bancos.

Essa última já foi desmentida até pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.

“Quero já dizer que não é verdade que os bancos perdem dinheiro como Pix, inclusive a gente deve em algum momento soltar algum tipo de estudo mostrando isso” disse Campos Neto, há duas semanas, em um evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

“Você tem uma perda de receita em transferência, mas por outro lado novas contas são abertas, novos modelos de negócio são gerados, você retira dinheiro de circulação, que é um custo enorme para o banco, você aumenta a transação, o transacional aumenta”, ressaltou, na ocasião.

Os resultados do setor também não indicam prejuízos: segundo levantamento da Economatica, os quatro maiores bancos do país de capital aberto tiveram lucro líquido somado de R$ 81,6 bilhões em 2021, valor que foi 32,5% maior do que o de 2020.

Já um documento oficial do Banco Central desmente que o governo Bolsonaro seria o responsável pelo Pix. Foi em maio de 2018, ainda no governo de Michel Temer, que a portaria 97.909 do BC instituiu um grupo de trabalho com objetivo de “contribuir para a construção de um ecossistema de pagamentos instantâneos competitivo, eficiente, seguro e inclusivo”.

Segundo servidores do Banco Central, foi a partir dessa iniciativa que o Pix continuou sendo desenvolvido pelo corpo técnico do BC no atual governo, independentemente do envolvimento de Bolsonaro.

O presidente, inclusive, manifestou desconhecer o novo meio de pagamento quando foi parabenizado por um apoiador na saída do Palácio da Alvorada, sua residência oficial, em outubro de 2020, pouco antes do início do seu funcionamento.

Na ocasião, Bolsonaro se confundiu e achou que se tratava de algo relacionado à desburocratização na aviação civil. Ao ouvir a explicação do apoiador de que o Pix era um novo meio de pagamento criado pelo Banco Central, respondeu: “Não tomei conhecimento, vou conversar essa semana com o (presidente do BC) Roberto Campos”.

As informações são da BBC.

 

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