PF conclui que Anvisa sofreu crime de ameaça durante processo de aprovação de vacina para crianças

A Polícia Federal concluiu que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sofreu ameaças durante o processo de aprovação da vacina para crianças.

O caso aconteceu em outubro, quando servidores da agência receberam um e-mail de um homem, dizendo que mataria quem “atentasse contra a vida” do filho dele – por dar a possibilidade de se imunizar. A informação foi divulgada pela coluna Painel, da Folha de S. Paulo.

O e-mail foi enviado pelo paranaense Douglas Bozza para cinco diretores da Anvisa no mês de outubro, quando a agência começava a debater a vacinação de crianças de 5 a 11 anos. O inquérito foi concluído em novembro.

“Por identificar uma ameaça contra a saúde e integridade do meu filho nestas vacinas experimentais, sejam o que forem (sic), estou tomando a difícil atitude de retirá-lo do ambiente escolar”, dizia a mensagem. “Deixando bem claro para os responsáveis de cima para baixo: quem ameaçar, quem atentar contra a segurança física do meu filho, será morto.”

A Polícia Federal ouviu os cinco diretores que receberam a mensagem. Todos relataram que o e-mail os deixou em situação de vulnerabilidade. Segundo a Folha, o autor disse que há provas de que “as vacinas são uma ameaça para as crianças” e que tinha o objetivo de fazer “um pouquinho de terrorismo” com os técnicos da Anvisa.

Bozza ainda alegou que mandou o e-mail depois de ter pedido documentos para a Anvisa e para a Secretaria de Saúde do Paraná, mas não teve resposta.

Na conclusão do inquérito, divulgada pela coluna Painel, o delegado responsável afirma que ficou claro que o e-mail seria mais que uma ameaça e que “ocasionou considerável temor nas vítimas”. “Tal ameaça se torna, ainda mais preocupante para as vítimas, em virtude do atual momento pandêmico que o país atravessa, aliado à polarização político-ideológica que se espraia no terreno das ciências, tornando simples factoides em verdades absolutas, a serem defendidas com o próprio sangue, se for entendido como necessário.”

Apesar da conclusão, a Polícia Federal entendeu que o crime cometido por Bozza tem menor potencial ofensivo e, por isso, não indiciou o responsável. O Ministério Público Federal deverá decidir se vai denunciar o homem ou se fará um acordo para transação penal – a pena prevista é de 1 a 6 meses de prisão.

Na última segunda (20), uma nova investigação foi aberta depois de um novo pedido de servidores da Anvisa.

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