Operador de energia alerta para esgotamento de recursos e diz que racionamento é necessário

O governo federal precisa perder o medo de adotar um racionamento de energia a fim de evitar o colapso do fornecimento de água para usos ainda mais essenciais, como o suprimento humano, avalia o coordenador do Instituto Clima e Sociedade (iCS), Roberto Kishinami, em entrevista à CNN neste domingo (25).

É preciso assumir que há riscos e agir. “O medo que o governo tem de racionamento tem que ser abandonado, é parte de um discurso negacionista. A gente tem que olhar o racionamento como uma medida racional, pensar daqui para a frente que, tendo menos água, precisamos garantir o suprimento para os usos essenciais, inclusive abastecimento humano”, diz o especialista.

Segundo Kishinami, a junção de escassez de chuva, aumento de consumo e redução da disponibilidade das usinas termelétricas constitui uma ameaça real para o fornecimento de energia do país, como já avisou o Operador Nacional do Sistema (ONS).

“O Operador Nacional do Sistema vem alertando desde o final do ano passado, a avaliação que eles têm é que vamos ter problema com atendimento em horário de pico. É parte do erro na maneira como o governo tem gerenciado essa crise”, afirma Kashinami, para quem a situação do sistema elétrico nacional pode ficar ainda pior no que no apagão de 2021.

“No caso da energia, é preciso olhar os grandes consumidores para ver se podem deslocar sua grande demanda para horários que não se sobreponham aos picos de residências e comércio. Vamos chegar em novembro com um patamar abaixo de 2001. A gravidade da situação exige medidas desse tipo”.

Kishinami explica que o modelo atual não é o melhor, e que a estratégia de se apoiar em termelétricas para suprir a necessidade por energia “é pouco inteligente” já que essas estruturas também consomem muita água. Assim, as termelétricas que estão em regiões de estresse hídrico podem ter problemas para funcionar por longos períodos.

Para Kashinami, falta o governo federal tomar a frente e coordenar estados e municípios, diz o coordenador do iCS. “Mas ele está se recusando a fazer isso. Estados e municípios serão obrigados a entrar para gerir o problema sem uma coordenação. A coordenação não está sendo feita e, se continuar desse jeito, a crise vem”.

Apontada por alguns como uma solução para minimizar os riscos, a volta do horário de verão não seria tão eficaz, sustenta. “A experiência dos últimos anos mostra que o horário de verão não diminui muito o consumo total de eletricidade, é algo na ordem de 1%, mas pode ser mais um mecanismo para deslocar um pouco a carga. Isso só funciona se houver uma participação grande de todos os envolvidos, começando pelo comércio”.

As informações são da CNN.

Sair da versão mobile