Ômicron é novo desafio às escolas

O aumento no número de casos de Covid no Brasil indica que o início do ano letivo nas escolas, previsto para as primeiras semanas de fevereiro, será mais desafiador do que o projetado até novembro do ano passado, quando a nova variante Ômicron foi identificada na África do Sul. Mesmo que as aulas presenciais não sejam interrompidas, ainda assim será preciso se preparar para impactos na rotina escolar.

Na semana passada, uma reportagem publicada na revista americana Education Week mostrou como as redes escolares nos Estados Unidos estão lidando com a Ômicron. Comparações com países ricos precisam ser feitas sempre de forma contextualizada, considerando as diferentes condições de infraestrutura e investimento em cada país. Mas olhar especialmente para o hemisfério norte neste momento ao menos permite identificar alguns possíveis riscos com antecedência, visto que as férias de verão por lá acontecem apenas no meio do ano, o que significa que a chegada da Ômicron ocorreu em pleno ano letivo.

Um levantamento feito pela empresa Burbio, que trabalha com análise de dados no setor educacional dos EUA, mostrou que, até quinta-feira passada, 4.783 escolas públicas por lá decidiram interromper aulas presenciais por um ou mais dias na semana. Essas, no entanto, representam apenas 5% do total de escolas públicas naquele país, um indicativo de que a imensa maioria das redes está se esforçando para evitar que isso aconteça.

No entanto, como revela a reportagem da Education Week, por causa do aumento no número de casos em toda a população, mesmo escolas que mantiveram aulas estão tendo que lidar com o súbito crescimento no número de professores e alunos que precisam faltar por terem testado – ou terem algum familiar testado – positivo para a Covid.

Apesar desses percalços, o ministro da Educação dos Estados Unidos, Miguel Cardona, afirmou que os estudantes “já sofreram demais” com a interrupção das aulas e que o objetivo é manter as escolas funcionando. Mas alertou: “vamos enfrentar alguns percalços no caminho”.

A esperança das autoridades educacionais dos Estados Unidos e de outros países do hemisfério norte que já estão sofrendo os efeitos da Ômicron nas escolas é de que a menor letalidade dessa nova variante (se comparada com as anteriores) seja confirmada na prática e que, a exemplo do que ocorreu na África do Sul, essa onda passe rápido – foram dois meses no país africano.

O fato de estarmos vivenciando o aumento de casos de Covid no Brasil num mês de férias escolares e com professores e jovens vacinados traz ao menos a vantagem de que as redes poderão ser preparar melhor para o que virá pela frente. Mas é provável, segundo projeção de especialistas, que no início de fevereiro estejamos no pico dessa nova onda. Estaríamos mais seguros se o governo Bolsonaro não tivesse dificultado a vacinação de crianças, considerada segura e eficaz pelos órgãos técnicos e rejeitada por apenas 16% dos brasileiros, segundo pesquisa PoderData.

Apesar de todos os percalços, o apelo do Unicef, divulgado em dezembro para todos os sistemas educacionais do mundo, é de que o “fechamento de escolas deve ser evitado sempre que possível” e que “escolas precisam ser sempre os últimos lugares a fechar e os primeiros a reabrirem”.

As informações são e Antônio Gois, do GLOBO

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