NY Times destaca “postura ousada” sobre o racismo da “estrela” Luiza Trajano

O tradicional jornal americano The New York Times destacou na edição de sexta-feira (7) a história da empresária Luiza Trajano, e qualificou a brasileira como a “estrela bilionária” que conseguiu destaque por conta de sua “postura ousada sobre o racismo no Brasil”, diz o título da matéria. As informações são da CNN

O jornal destacou o programa de formação de líderes empresariais do Magazine Luiza com 100% das vagas para pessoas negras, criado em 2020, e contrapôs as ações da empresária às do presidente Jair Bolsonaro, que chegou a chamar Luiza Trajano de “socialista” no ano passado, como destacou o jornal.

“Em novembro, ele (Bolsonaro) parecia estar satisfeito com o fato de o preço das ações da empresa (Magazine Luiza) ter caído nos últimos meses em meio a especulações de uma parceria política entre o Sr. (Lula) da Silva e a Sra. Trajano, a quem o presidente se referiu como ‘socialista’”, diz o jornal.

À época, a empresária respondeu dizendo que, se enfrentar a desigualdade significa ser socialista, “então sou socialista”, como relembrou o jornal, que mencionou ainda os elogios do ex-presidente Lula à empresária.

“Em um mundo onde bilionários queimam fortunas em aventuras espaciais e iates, Luiza se dedica a um tipo diferente de odisseia”, escreveu Lula em suas redes sociais ao exaltar os programas inclusivos da empresa.

O jornal contrapôs ainda Bolsonaro e Luiza na questão das vacinas, mencionando que, enquanto Bolsonaro “criava dúvidas” sobre a eficácia dos imunizantes, “se tornou uma defensora implacável das vacinas, mobilizando sua rede de mulheres líderes para pressionar o governo a agir rapidamente e dissipar a desinformação sobre as vacinas”, diz o NYT.

Programa de lideranças negras

Segundo o jornal, Luiza disse que a iniciativa de desenvolvimento dos programas de inclusão do Magazine Luiza está relacionada a atuação de seu filho Frederico Trajano, que hoje é o principal executivo da empresa, “mas observou que isso foi decorrência dos anos dela apontando que as turmas de trainees eram predominantemente brancas”.

Luiza disse que, anos atrás, ouviu de uma outra empresária negra que ela nunca comparecia a festas da empresa a não ser que seu chefe pedisse explicitamente para que ela participasse.

Isso chamou a atenção dela para seu próprio círculo social e como não havia mulheres negras dentro dele. “Isso é racismo estrutural que, no meu caso, não nasce da rejeição, mas do fracasso em ir de encontro a elas”, disse.

Luiza disse ainda que a escravidão brasileira deixou marcas muito fortes e que, 134 anos depois, “muitas pessoas ainda não sentiram que este é o seu país”.

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