Ifood se manifesta após cobrança de Lula por negociação

Diretor de políticas públicas do Ifood, João Sabino explica o motivo pelo qual as negociações com o governo federal não avançaram

João Sabino, Diretor de Políticas Públicas do iFood (Divulgação)

O diretor de políticas públicas do Ifood, João Sabino, afirmou, em entrevista a Vera Magalhães no Viva Voz, que não viu problema em relação à fala do presidente Lula, que ontem (4) cobrou a empresa, e afirmou que ela terá que negociar.

Na segunda-feira, o governo federal assinou o projeto de lei que regulamenta o trabalho de motoristas de aplicativo. O texto, entretanto, não engloba empresas de transporte de alimentos e encomendas – como o Ifood – porque as negociações não avançaram.

João Sabino afirmou que não viu nenhum problema em relação à fala de Lula. ‘O presidente está defendendo prioritariamente os trabalhadores e é assim que tem que ser’. O diretor ressaltou que a empresa está sempre à disposição e que há abertura e diálogo com o governo federal.

Por que as negociações não avançaram?

De acordo com João Sabino, os dois lados tiveram posições divergentes e chegaram a um impasse, mas afirmou que continuará negociando e chegará a um acordo em breve. O diretor afirmou que o modelo de previdência de motoristas não pode ser replicado para os entregadores. Apesar de serem categorias parecidas em muitas coisas, elas guardam diferenças bastante significativas, principalmente com relação aos ganhos nominais:

“Um motorista de aplicativo ganha em termos de valor nominalmente muito mais alto. Consequentemente, ele atinge o piso mínimo da contribuição previdenciária também muito mais fácil e vai ser incluído na previdência. Quando você olha para o universo dos entregadores, você tem um trabalhador que o nível de dedicação dele à plataforma é menor porque existe uma sazonalidade na entrega de comidas. […] Logo, os ganhos deles são menores nominalmente. Também, o valor de uma entrega é menor do que o valor de uma corrida de carro, até porque os custos são menores. A consequência disso é que atingir o piso mínimo para estar na previdência é muito mais difícil para o entregador”.

João Sabino explica que a proposta que estava sendo discutida antes das negociações emperrarem previa uma tributação que era pelo menos o dobro da atual. E que, no modelo proposto pelo governo, o trabalhador que ganha menos, paga mais imposta. ‘Esse é o principal ponto de desacordo’, diz.

O diretor ressaltou que a empresa tem preocupação em discutir uma regulamentação e incluir trabalhadores na Previdência, de maneira oficial, desde 2020 e que busca um acordo que garanta direitos aos entregadores. Sabino afirmou que o Ifood segue aberto em resolver essa questão em breve.

Com informações da CBN.

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