‘Expressão de uma conscientização que está em curso’, diz presidente do IBGE após Censo

'Expressão de uma conscientização que está em curso', diz presidente do IBGE após Censo mostrar Brasil mais preto, pardo e indígena

Marcio Pochmann, presidente do IBGE, durante coletiva do Instituto na Casa do Olodum, nesta sexta-feira (22) — Foto: Reprodução

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (22), os resultados do Censo 2022 sobre cor ou raça. O número de brasileiros que se declaram pardos cresceu 11,9% desde 2010, passou o de brancos e se tornou o maior grupo racial do país pela primeira vez, com 45,3% da população.

Segundo o presidente do IBGE, Marcio Pochmann, o trabalho político e de conscientização permite que o Censo fosse cada vez mais percebido como um avanço da população não branca do Brasil.

“Isso é uma expressão de uma conscientização que está em curso no Brasil. E isso é revelar do ponto de vista científico, técnico com as melhores metodologias existentes no mundo, o que é a população brasileira”, disse o presidente do IBGE, Marcio Pochmann.

Os dados foram divulgados em evento realizado nesta sexta na sede do Olodum, em Salvador, na Bahia, com a participação de representantes do movimento negro.

“Esse lançamento em Salvador, a cidade que mais recebeu africanos no país, é simbólico. Porque foi aqui que começou a luta de resistência dos quilombos no país e é por aqui que tem que começar a luta por igualdade. Esses números vão ajudar a dizer que a pobreza tem cor, que o desemprego tem cor”, disse João Jorge, presidente da Fundação Palmares.

O presidente do IBGE Márcio Pochmann, destacou o impacto da conscientização racial nos números da pesquisa.

“O trabalho político de conscientização, de melhor empoderar a realidade do povo brasileiro, permitiu que o Censo fosse cada vez mais percebido como avanço da população não branca no Brasil. Isso é uma expressão de uma conscientização que está em curso no Brasil”, afirmou.

Marcelo Gentil, presidente do Olodum, mencionou o trabalho do movimento negro.

“Realizamos uma campanha no início dos anos 90, um conjunto de organizações do movimento negro brasileiro, que foi a campanha ‘Não deixe sua cor passar em branco’. Naquele momento, a população de pretos e pardos, ou seja, a população afro-brasileira, era bastante inexpressiva, mas sabíamos que era uma população enorme”, explicou o presidente do Olodum.

De acordo com Marcelo Gentil, a campanha foi feita para que as pessoas se assumissem como negras. “E a partir daí as pessoas passaram a se assumir enquanto negros e negras”.

A secretária de Gestão do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial, Ieda Leal, comentou em tom de brincadeira, que chegou a pedir para a cantora norte-americana Beyoncé, que esteve em Salvador, na quinta-feira (21), para dizer para todos que era quilombola.

“A outra situação é que Beyoncé estava conosco lá no aeroporto e nós dissemos para ela: ‘Vá, vá lá e diga para o povo que você também é quilombola”, disse Ieda Leal.

Identificação étnico-racial

Foram divulgadas informações sobre identificação étnico-racial da população, por sexo e idade. Segundo o IBGE, os dados desagregados da população segundo cor ou raça são fundamentais para o conhecimento da diversidade e para o estudo das relações interraciais.

Além disso, em conjunto com dados de idade e sexo, as informações permitem avaliar as mudanças no perfil demográfico da população ao longo do tempo.

Os dados foram disponibilizados para Brasil, grandes regiões, estados, municípios e outros recortes geográficos compostos a partir de municípios. A divulgação incluiu também a Amazônia Legal como nível geográfico.

O IBGE também atualizou os dados das divulgações “Quilombolas: Primeiros Resultados do Universo” e “Indígenas: Primeiros Resultados do Universo” (realizadas em 27 de julho e 2 de agosto de 2023, respectivamente), a partir da segunda apuração do Censo Demográfico 2022, isto é, com a incorporação dos trabalhos de revisão de campo e demais ajustes realizados pelo instituto entre 29 de maio e 7 de julho de 2023.

No dia 27 de outubro, o IBGE atualizou o número da população de acordo com o Censo 2022. Éramos 203.080.756 brasileiros, ante os 203.062.512 habitantes da primeira divulgação de dados, em junho de 2023.

Na ocasião, de acordo com os dados coletados, nos domicílios brasileiros, a população brasileira está mais velha e mais feminina. Além disso, a idade mediana da população brasileira atingiu 35 anos, aumentando 6 anos desde o Censo de 2010.

Com informações do g1.

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