Especialistas criticam burocracia e avisos dúbios de alguns municípios brasileiros sobre vacinação infantil

Mesmo diante da alta dos casos de Covid entre crianças e da maior exposição aos riscos oferecida pela volta às aulas, alguns municípios brasileiros têm criado obstáculos para a vacinação infantil. A exigência de termos de consentimento dos pais, praticada em algumas cidades e sem precedentes no programa brasileiro de imunização, é vista como desnecessária e danosa por especialistas.

Secretarias municipais de Saúde como as de Lagoa Santa (MG), Japeri (RJ), ou até a capital baiana, Salvador, exigem algum termo de responsabilidade dos pais, mesmo eles estando presentes no momento da imunização. Além disso, o próprio Ministério da Saúde publicou recomendação para que as famílias procurem médicos antes da encaminhar os filhos à vacinação.

— O problema é que isso gera dúvida sobre a vacinação em alguns pais. Eles ficam receosos, acabam hesitando, não preenchem e não vacinam. Além disso, atrasa a fila, burocratiza o processo. E uma das maneiras de dificultar alguma coisa é, justamente, criar dúvidas e burocracias — afirma o infectologista e pediatra Filipe da Veiga.

Em Salvador, é exigida a assinatura de um “formulário com ‘termo de assentimento dos pais’”. Caso não sejam conduzidas pelo pai e mãe, as crianças devem chegar aos postos vacinação com o termo “preenchido, com assinatura, e impresso, mais uma cópia do documento de pai e mãe que assinou o formulário”.

Já no site de Lagoa Santa, entre os documentos solicitados, a informação é que “é necessário que o responsável legal assine o termo de consentimento para a imunização disponível nas salas de vacinação”. Procurada, a Secretaria de Saúde da cidade informou que o termo de autorização é solicitado quando o responsável está ausente no momento da vacinação e, para os presentes, “é necessário somente assinar a concordância com a vacinação da criança”.

As informações são do Jornal O Globo.

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