Crime em Foz: o que se sabe sobre o assassinato do petista Marcelo Arruda

Nesta sexta-feira (15), foi revelado que a Polícia Civil do Paraná descartou a hipótese de motivação política no assassinato do guarda municipal e militante petista Marcelo Arruda – morto há tiros no último domingo (10) em sua própria festa de aniversário em Foz do Iguaçu (PR).

Em contrapartida, os advogados da família Arruda divulgaram um comunicado criticando o relatório com a conclusão dos investigadores: “cheio de contradições e imprecisões”. Parentes acreditam que a continuidade das investigações apontará a motivação política.

Desde o dia 10, o crime em Foz do Iguaçu despertou uma série de repercussões e reverberou no debate político nacional. Relembre abaixo as últimas notícias relacionadas ao caso.

O dia do crime

Na noite de sábado (9), o guarda municipal Marcelo Arruda teve a festa de aniversário invadida pelo agente penitenciário federal Jorge José da Rocha Guaranho.

Arruda era membro da direção do Partido dos Trabalhadores (PT) em Foz do Iguaçu e tinha a decoração da festa de comemoração dos seus 50 anos em homenagem ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao PT.

Segundo relatos de quem estava presente, Guaranho foi até o local, acompanhado da esposa e uma criança recém-nascida, tocando no carro uma música de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

As câmeras de segurança do local mostram Arruda pedindo que ele deixasse o local e jogando terra de um canteiro em direção ao carro.

Guaranho, então, arranca em retirada, segundo relatos, avisando que voltaria. Nesse momento, Arruda foi até seu carro e pegou sua arma.

Cerca de dez minutos depois, Guaranho voltou e, de acordo com a polícia, dispara o primeiro tiro contra Arruda, que conseguiu revidar e atirar de volta.

O aniversariante morreu, enquanto Guaranho foi encaminhado ao hospital em estado grave.

Polícia descarta motivação política

A Polícia Civil do Paraná descartou motivação política no crime. Guaranho foi indiciado por homicídio qualificado por motivo torpe e por causar perigo comum.

De acordo com a delegada-chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa, Camila Cecconello, “Guaranho não foi lá [na festa de aniversário] para fazer ronda. Ele foi no intuito de provocar a vítima. Nesse primeiro momento fica muito claro que houve uma provocação por motivos políticos. Agora, quando ele volta para casa e resolve retornar à festa, não há provas que indiquem que ele voltou porque queria cometer um crime de ódio contra uma pessoa ou pessoas de outro partido político que não o dele”.

Segundo Cecconello, Guaranho soube da festa por meio de uma testemunha. “Ele [Guaranho] tinha o hábito de diariamente checar as câmeras por ter um cargo ali no clube. Essa pessoa era um funcionário do local onde a festa do petista acontecia.”

A delegada afirmou ainda que não há indícios de que Guaranho e Arruda se conheciam.

“Segundo depoimento das testemunhas, ambos haviam ingerido álcool, mas a vítima não estava em estado de embriaguez. Já com relação a Guaranho, algumas testemunhas afirmam que ele estava bem alterado, apresentando sinais de embriaguez. Ainda não temos o laudo do hospital relatando o teor alcoólico recente”, completou.

Investigação demonstrará motivação política, dizem advogados de Marcelo Arruda

Os representantes da família de Marcelo Arruda teceram críticas à investigação e disseram que, “por certo, a necessária continuidade das investigações demonstrará a nossa convicção quanto as motivações políticas do assassinato”.

Os advogados ainda afirmaram que não tiveram acesso oficial ao relatório da conclusão da investigação, tendo descoberto que a motivação política foi descartada por meio de notícias veiculadas na imprensa.

“O relatório apresentado é recheado de contradições e imprecisões que demonstram a deficiente formação do mesmo”, afirma a nota.

Eles ainda questionam a intenção do agente penitenciário federal Jorge José da Rocha Guaranho, acusado pelo crime.

“Como o o autor do fato vai até a festa de Marcelo – evidenciado o conteúdo político do evento – senão para impedi-lo ou frustrá-lo? Faria o mesmo se fosse um aniversário sem conteúdo político decorativo?”, disseram os representantes da família de Arruda.

Os advogados argumentam que “os fatos e imagens” já divulgados “evidenciam a prática de homicídio qualificado motivado por ódio em face de razões políticas”.

“A desconsideração dos requerimentos dos familiares, a negativa de procedimentos operacionais com vistas a cumprir o exarado no Parecer do MP [Ministério Público], bem como o atropelo injustificado (faltando ainda 4 dias para o derradeiro prazo de conclusão) tornam insuficientes e duvidosos os resultados apresentados, observando-se ainda, que sequer perícia sobre os bens apreendidos foi concluída”, pontua a nota.

“Os familiares de Marcelo Arruda ainda esperam que se faça Justiça, clara, limpa, transparente e saudável como a boa água!”, concluem os advogados.

As informações são da CNN.

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