Chegaremos a 5 mil mortes diárias no fim de abril se não tiver lockdown, diz pesquisador da Fiocruz

Cemitérios lotados e novas covas abertas marcaram 2ª onda da Covid-19 em Manaus, em janeiro de 2021. (Foto: Gustavo Basso/Yahoo Notícias)

O Brasil chegou a atingir a marca das 3 mil mortes em um único dia por Covid-19, e segue com uma média acima de 2 mil. Em entrevista ao Estadão, o coordenador do observatório Covid-19 da Fiocruz, Carlos Machado, disse que a situação pode piorar muito caso não ocorra um lockdown e ações mais intensas do Governo Federal para combater a doença.

O professor explica que o país pode “chegar fácil” a 5 mil mortes diárias até o fim de abril caso não ocorra uma paralisação das atividades de pelo menos 15 dias. “Achamos que era impensável chegar a dois mil óbitos por dia, achamos que era impensável chegar a três mil óbitos. Se nada for feito, nada nos impedirá de chegar a quatro ou cinco mil óbitos por dia. Ainda mais com as novas variantes que aceleram o processo de transmissão e infecção.”, disse.

Lockdown para conter o aumento de mortes por Covid-19
“A situação de colapso é generalizada, Não temos para onde correr, não podemos contar com a ajuda de ninguém”, comentou o especialista. “O momento é de medidas restritivas coordenadas, nos níveis estadual e federal. O sistema já chegou ao limite. Não há mais tempo para debates. Não há mais tempo para ideias dissociadas da realidade. Não temos nem mais um minuto a perder. A situação é dramática em todo o País, são milhares de famílias devastadas”, completou ainda.

O aumento do número de mortes por Covid-19 ocorre justamente no momento em que novas variantes do vírus ganham força e o sistema de saúde fica sobrecarregado. O professor explica que esse colapso nos hospitais fez com que a Fiocruz classificasse a situação atual como um estado de crise sanitária no Brasil.

“O crescimento do número de casos está aumentando a pressão sobre o sistema de saúde. Boa parte das capitais já está com a ocupação dos leitos de UTI covid-19 para adultos em 90%. E estamos batendo no limite da capacidade do sistema de saúde de abertura de novos leitos para covid. Para o próximo boletim, estamos buscando dados de excesso de mortalidade em geral, porque há indícios de que muitas pessoas já podem estar morrendo em casa”, explicou Machado.

O especialista finaliza dizendo que 15 dias é o mínimo de tempo necessário para que o fechamento traga resultados positivos e desafogue o sistema de saúde. Ele cita o exemplo de Araraquara, que só atingiu 40% de redução no número de mortes por Covid-19 após 17 dias de lockdown. Esse número, segundo Machado, é o suficiente para evitar, por hora, um colapso completo do sistema de saúde.

As informações são do Estadão.

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