Carmo (RJ): A compra de respiradores superfaturados; os alvos da Operação Eolo

Equipamentos que custavam R$ 40 mil foram comprados por R$ 99 mil durante a pandemia da covid-19

Cinco pessoas foram presas no âmbito da 3ª fase da Operação Eolo, na sexta-feira (10), pelo Ministério Público Estadual do Rio (MPRJ) com apoio da Polícia Civil. Desta vez, a Operação investiga o superfaturamento de respiradores comprados durante a pandemia de covid-19, na cidade de Carmo, no interior do Rio de Janeiro.

Os respiradores que na ocasião custavam R$ 40 mil cada cum foram comprados por R$ 99 mil a unidade. O ex-prefeito, Cesar Ladeira (PT), é um dos alvos das investigações

No total, a Justiça expediu sete mandados de prisão e dez de busca e apreensão cumpridos na capital do estado e também nas cidades de Mangaratiba, São João de Meriti, Nilópolis, Mesquita, Laje do Muriaé e Carmo.

De acordo com as investigações da Polícia Civil e do Ministério Público, em 2020, a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) autorizou uma verba de R$ 1 milhão para uso emergencial pelas cidades durante a pandemia da covid-19.

Em Carmo, na Região Serrana, o montante foi utilizado para a compra de respiradores. Mas o inquérito apurou que os equipamentos foram comprados pelo dobro do preço, além de não funcionarem. A prefeitura foi notificada e devolveu os aparelhos.

Os investigadores concluíram que houve fraude na licitação, já que a empresa vencedora foi a mesma que apresentou as propostas das “concorrentes”. O esquema teria sido intermediado por um assessor parlamentar que, assim que soube da verba liberada pela Alerj, teria procurado o então prefeito da cidade para que ele interferisse na licitação, mediante pagamento de propina.

Na primeira fase da ação, o prefeito e o ex-secretário de Meio Ambiente do município, que intermediou o contato, foram alvos de busca e apreensão. Na segunda etapa, o foco foram os empresários envolvidos. Os agentes apreenderam documentos que embasaram esta terceira fase da operação, realizada nesta sexta.

Os presos responderão, entre outros crimes, por corrupção ativa e passiva, peculato, contratação direta ilegal, fraude nos contratos de licitação e lavagem de dinheiro. A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos acusados.

Cinco pessoas presas 

Nesta terceira fase da “Operação Eolo”, os agentes cumpriram sete mandados de prisão e dez de busca e apreensão nos bairros do Recreio dos Bandeirantes e Barra de Guaratiba, na zona oeste do Rio, e também nos municípios de Mangaratiba, São João de Meriti, Nilópolis, Mesquita, Laje do Muriaé e Carmo. Até o momento, cinco pessoas foram presas.

Segundo a denúncia, a empresa que supostamente venceu o certame para a venda de respiradores, também apresentou as propostas das empresas “concorrentes”. 

O esquema foi intermediado por Rui Tomé de Souza Aguiar, preso no âmbito da operação e que na época era assessor da presidência da Alerj e agora estava lotado no gabinete do deputado estadual Andrezinho Ceciliano (PT).

Segundo o MP-RJ, o esquema que resultou em contratação fraudulenta beneficiou diretamente as empresas Sheridan Rio Comércio e Serviços Eirelli, XSM Distribuidora e Nova Pisom. Todas usadas para simular a concorrência e fraudar a dispensa de licitação.

Também foram presos Alex Sachi da Silva, Jubert Silva Cardoso, Nielsei Souza de Melo e Thiago Cardoso de Castro. 

Os presos responderão, entre outros crimes, por corrupção ativa e passiva, peculato, contratação direta ilegal, fraude nos contratos de licitação e lavagem de dinheiro.

Ladeira na Operação Chorume 

Não é a primeira vez que o ex-prefeito Cesar Ladeira é submetido a uma operação policial em razão da sua passagem pela prefeitura de Carmo. Em 2021, ele foi preso duas vezes. A suspeita é que ele teria participação em um esquema de fraudes em contratos para limpeza urbana.

Cerca de 130 mil reais foram encontrados em tubos de PVC escondidos no sítio de Ladeira. De acordo com os investigadores, o valor era fruto de propina que a empresa que fazia a coleta de lixo da cidade pagava. A operação de hoje é um desdobramento da operação 2021, à época denominada Chorume.

*Da Agência Fonte Exclusiva. Compartilhe esta reportagem do O Rebate , o melhor site de notícias do estado do Rio de Janeiro

 

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