Campanhas de Lula e de Bolsonaro apelam a fake news que miram o bolso dos eleitores

Propaganda do petista diz que o presidente vai acabar com férias e 13º, e Guedes afirma que ‘outro lado’ dará fim ao Simples

Numa escalada das fake news a poucos dias da votação, as campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) miraram ontem o bolso do eleitor, com falsas ameaças sobre o que os adversários têm prometido ou farão. O alarmismo econômico esteve na propaganda oficial do petista quanto numa declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Em inserções do rádio, o PT garantiu que “o próximo passo” de Bolsonaro é acabar com o 13° salário e as férias do trabalhador, além de dizer que o presidente “anunciou” o fim do reajuste do salário mínimo pela inflação. Já Guedes, sem citar Lula, acusou ontem “o outro lado” da campanha eleitoral de querer “acabar” com o Simples Nacional, programa de simplificação tributária voltado para pequenas e médias empresas, o que também é falso.

O candidato à reeleição e o ex-presidente não citam nenhuma das propostas em seus planos de governo. Bolsonaro já se insurgiu contra o fim do 13º em 2018, quando o assunto foi levantado pelo seu vice, Hamilton Mourão. À época, disse que a ideia era uma “ofensa” aos trabalhadores.

De seu lado, a campanha de Lula elaborou, inclusive, um manifesto com propostas para os micro e pequenos empresários em que há projetos como o Simples Trabalhista, linhas de antecipação de recebíveis para os pequenos empresários e a criação de um ministério para o setor.

Ontem, nas mesmas inserções de rádio, a campanha de Lula também voltou a focar no plano Guedes de acabar com a obrigação de reajuste do salário mínimo ao menos pela inflação. A possibilidade foi cogitada pela equipe do ministro, que depois negou. Ontem, o presidente Jair Bolsonaro declarou que dará reajuste “acima da inflação” ao mínimo em 2023.

O programa de Lula citou ameaças sobre 13º salário e férias:

— Você que vai pagar as contas e o mercado, você que é aposentado, você deveria estar com medo. Essa semana, o governo Bolsonaro anunciou os fins do reajuste pela inflação do salário mínimo e das aposentadorias. Se já está difícil viver agora, com Bolsonaro vai piorar. O próximo alvo é acabar com o 13° e as férias. Não é à toa que maus patrões tentam forçar seus funcionários a votarem em Bolsonaro. Mas o voto é secreto. Bolsonaro, nunca mais! — diz o locutor, em uma das inserções veiculadas.

Desde a semana passada, o PT definiu que voltaria a abordar temas econômicos e, principalmente, a perda de poder aquisitivo dos mais pobres.

Aumento real

Depois do programa eleitoral de Jair Bolsonaro, um locutor inicia a peça de Lula pedindo que os ouvintes pesquisem sobre o tema.

— Você acabou de ouvir o programa do cara que quer diminuir o salário mínimo e reduzir a sua aposentadoria. Dê um Google e pense nisso — diz o locutor.

Em seguida, o mesmo narrador diz que Bolsonaro “mente muito e adora apontar o dedo para os outros”.

— É do governo dele o maior esquema de corrupção da História do país. O orçamento secreto, conhecido como bolsolão, retira o dinheiro da educação, da saúde e até da merenda das crianças para comprar voto de deputado. Foi assim que ele aprovou a reforma da Previdência, que cortou direitos dos trabalhadores e aposentados — diz o narrador, que conclui: — E essa semana, mais um duro golpe deste governo. Querem congelar o salário mínimo e as aposentadorias.

Mais adiante, o próprio Lula fala sobre o assunto e promete aumentar o salário mínimo acima da inflação.

Além de dizer que “o outro lado” acabaria com o Simples, Guedes citou um documento inexistente para confiscar o FGTS:

— Tem gente do outro lado querendo acabar com o Simples, com os regimes especiais para cooperativas, enquanto nós estamos fazendo da outra forma — disse o ministro da Economia. — O documento do outro candidato tem confisco do FGTS, acabar com deduções (de Imposto de Renda).

O ministro fez também um discurso em que ainda criticou supostos “petistas” por divulgação de documentos sobre propostas como a desindexação do salário mínimo — ele repetiu que a ideia é reajustar os salários acima da inflação, não abaixo.

Na segunda-feira, a ministra Maria Isabel Gallotti, do Tribunal Superior Eleitoral, determinou a remoção de postagens que acusam o governo Jair Bolsonaro de propor a redução do salário mínimo e das aposentadorias feitas dos perfis de Lula e uma série de seus apoiadores. As publicações apontavam justamente que o governo teria decidido acabar com o reajuste pela inflação do salário mínimo e das aposentadorias a partir de 2023.

As informações são do Jornal O GLOBO.

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