Bolsonaro pediu a líder indiano que liberasse insumos de cloroquina a empresários aliados

Brazil's President Jair Bolsonaro shakes hands with India's Prime Minister Narendra Modi during his ceremonial reception at the forecourt of India's Rashtrapati Bhavan Presidential Palace in New Delhi, India, January 25, 2020. REUTERS/Altaf Hussain

O presidente Jair Bolsonaro atuou diretamente em favor de duas empresas privadas solicitando ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, para que acelerasse a exportação de insumos para a fabricação de hidroxicloroquina, em abril do ano passado.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado teve acesso a telegrama secreto do Ministério das Relações Exteriores, divulgado pelo jornal O Globo, que contém a transcrição do telefonema feito por Bolsonaro no qual o presidente cita nominalmente as empresas EMS e Apsen ao pedir que a Índia liberasse a exportação dos produtos.

Senadores da comissão afirmaram que a ligação é prova importante do envolvimento pessoal do presidente com o fornecimento para o Brasil do remédio sem eficácia para o tratamento contra a covid-19.

Convocado para depor na CPI, o presidente da Apsen, Renato Spallicci, é um apoiador de Bolsonaro. Em 2018, ele declarou voto no atual presidente e tinha várias postagens nas suas redes sociais com ataques a adversários de Bolsonaro e defesa do governo.

O CEO da EMS, Carlos Sanchez, também tem ligação com o bolsonarismo. Além de reuniões no Palácio do Planalto, ele participou recentemente de jantar com empresários realizado em São Paulo no qual o presidente foi ovacionado.

Ao jornal O Globo, as duas empresas afirmaram que têm apenas relação institucional com o governo brasileiro.

No dia 4 de abril, o presidente Jair Bolsonaro fez a ligação para Modi e divulgou em suas redes sociais, ao postar uma foto na qual está ao lado então chanceler Ernesto Araújo.

No dia 9, Bolsonaro fez outra publicação agradecendo ao primeiro-ministro indiano pela liberação. A Índia tinha suspendido em março a exportação de vários insumos devido à pandemia.

Mas o presidente não revelou em suas postagens que o pedido envolvia empresas privadas.

“Entrarei diretamente no assunto. Embora não haja, por ora, divulgação oficial, temos tido resultados animadores no uso de hidroxicloroquina para o tratamento de pacientes com a COVID-19. Gostaria, por isso, em nome do governo brasileiro, de fazer um apelo ao amigo Narendra Modi para que obtenhamos a liberação de importações de sulfato de hidroxicloroquina feitas por empresas brasileiras”, disse Bolsonaro, de acordo com a transcrição feita pelo Itamaraty.

“O sucesso da hidroxicloroquina para tratar a Covid-19 nos faz ter muito interesse nessa remessa indiana. Estou informado de que um carregamento de 530 quilos de sulfato de hidroxicloroquina está parado na Índia, à espera de liberação por parte do governo indiano. Esse carregamento inicial de 530 quilos é parte de uma encomenda maior, e foi comprado pela EMS”, afirmou Bolsonaro.

“Adianto haver, também, mais carregamentos destinados a uma outra empresa brasileira, a Apsen. Este, como eu dizia, é um apelo humanitário que submetemos a nosso prezado amigo Narendra Modi, e que, se atendido, poderá salvar muitas vidas no Brasil”, acrescentou o presidente.

As informações são do Yahoo.

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