Bolsonaro encerra entrevista ao ser questionado sobre ‘rachadinha’

O presidente Jair Bolsonaro encerrou uma entrevista nesta quarta-feira após ter ficado irritado com uma pergunta sobre a prática da “rachadinha” no Rio de Janeiro. O questionamento foi feito pelo humorista André Marinho, filho do empresário Paulo Marinho, que foi aliado do presidente na campanha eleitoral.

Durante entrevista na rádio Jovem Pan, Marinho inicialmente perguntou a Bolsonaro se “rachadores” do Rio de Janeiro deveriam ir para cadeia. Marinho falou de partidos como o PT e não mencionou o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), investigado pela mesma prática.

Bolsonaro demonstrou irritação e disse que o pai do humorista é o “maior interessado” na vaga de Flávio do Senado. Paulo Marinho é o primeiro suplente do senador.

— Você sabe que eu sou presidente da República e respondo sobre meus atos, tá ok? Então não vou aceitar provocação tua. E você recolha-se ao teu jornalismo. Não vou aceitar. Se não encerro a entrevista agora. O teu pai é o maior interessado na cadeira do Flávio Bolsonaro. Não vou discutir contigo ou acaba a entrevista aqui — disse o presidente.

Bolsonaro disse que apoiou a indicação de Paulo Marinho como suplente de Flávio por ter confiança dele:

— O teu pai quer a cadeira do Flávio Bolsonaro. Eu decidi com o Flávio indicar teu pai para primeiro suplente, em confiança nele. Não tem mais conversa contigo.

Mais tarde, na mesma entrevista, Marinho perguntou porque Bolsonaro não respondia a sua pergunta, o que motivou uma discussão com outro participante do programa, Adrilles Jorge. Enquanto os dois discutiam, Bolsonaro ameaçou novamente abandonar a entrevista, o que acabou fazendo:

— Olha, se o Marinho entrar novamente…Atenção, se o Marinho entrar novamente…Eu vou embora. Se o Marinho entrar na tela mais uma vez, eu vou embora. Se o Marinho entrar na tela mais uma vez, eu vou embora.

Horas depois da entrevista, o pai de André Marinho, Paulo Marinho, publicou um vídeo em suas redes sociais em que reclamou do presidente. Segundo ele, Bolsonaro tratou de forma descortês o seu filho. Paulo Marinho também negou ter interesse no cargo de senador de Flávio Bolsonaro.

— Aliás, capitão, para de repetir essa ladainha de que eu quero o mandato do seu filho Flávio Bolsonaro. Quem quer o mandato do Flávio é o Ministério Público, não sou eu — afirmou.

Paulo Marinho também pediu para que o presidente se lembrasse do seu ex-ministro Gustavo Bebianno, morto em março de 2020.

Bebianno, que foi um dos primeiros apoiadores do presidente antes de sua campanha presidencial, foi demitido do comando da Secretaria-Geral por Bolsonaro nos primeiros meses de mandato em meio a um conflito interno entre ele e o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente.

— E olha, para terminar, quero lhe dizer o seguinte. Você lembra do nosso amigo Gustavo Bebianno? Talvez você já tenha esquecido dele. Com certeza já esqueceu. Mas ele não lhe esqueceu. Pode ter certeza disso. Quando você estiver chorando no banheiro do palácio, lembre dele. Ele não lhe esqueceu, tá bom? — disse.

Candidatura de Moro

Durante a entrevista, Bolsonaro foi questionado sobre uma possível candidatura à Presidência do ex-juiz Sergio Moro. Ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Moro deixou o governo no ano passado acusando o presidente de tentar interferir na Polícia Federal (PF).

Moro deve se filliar ao Podemos no próximo mês, mas ainda não decidiu se será candidato a presidente. Uma candidatura ao Senado, por São Paulo ou Paraná, também é estudada.

— Ele é uma pessoa que não tinha experiência com política. É muito fácil, ele viveu 23 anos na magistratura, dá uma sentença, “cumpra-se”. Decisão judicial não se discute, se cumpre. Quando você vai para a política, não é assim. Eu fico imaginando o Moro chefe do Executivo federal, estadual ou municipal, negociando com o Parlamento — disse Bolsonaro.

O presidente estimulou cada partido a lançar seu candidato:

— Parece que ele está indo para o Podemos. Ele sabe o que está fazendo. Disputa, quanto mais…Seria bom se cada partido lançasse um candidato.

As informações são do Jornal O Globo.

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